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19 fevereiro 2017

Parque Nacional de Itatiaia – Cachoeira Aiuruoca, Agulhas Negras e Prateleiras

Nada como a realização de um sonho de tempos atrás.

Depois de algumas conversas e combinações, juntamos uma turma mais reduzida do que o costume do grupo e partimos para as montanhas do Parque Nacional de Itatiaia.

Toda estrutura e organização foi proporcionada pela nossa amiga Sara que agilizou o roteiro, fez o agendamento do hostel para a primeira noite e as devidas reservas obrigatórias junto com o Cláudio para visitação ao Parque.


Pegamos a estrada muito cedo rumo a Itamonte – MG para aproveitar a sexta-feira de folga (ou folgada) e fazer algumas trilhas diferentes das que estavam programadas com o grupo no sábado e no domingo.

O caminho até o Parque é feito por uma estrada de terra, o que já é uma verdadeira aventura em seus 17 km sinuosos e mirantes magníficos a cada curva.


Após nosso check in na entrada do Parque, pegamos a trilha que leva até a Cachoeira do Aiuruoca. A ideia original era subir a Pedra do Sino, mas chegamos uma hora mais tarde do que o permitido para realiza-la. Já que a Pedra do Sino era inviável, aproveitamos o caminho admirando alguns dos atrativos do Parque: a Asa de Hermes, Pedra do Altar, Pedra do Sino, Ovos da Galinha, Travessia Serra Negra e Rancho Caído. Até a cachoeira são cerca de 9 km de percurso sinuoso, com muitas subidas e descidas repletas de paisagens que encantam qualquer pessoa, até mesmo aquelas que não se aventuram em trilhas e passeios ecológicos. Vale ressaltar que essa cachoeira é considerada a mais alta do Brasil em altitude, cerca de 2.350 m do nível do mar, com 40 m de queda d’água geladíssima. Essa cachoeira nasce no planalto do Itatiaia e vai desaguar no Rio Grande no sul de Minas Gerais.


Posso dizer que eu e o William tivemos a sorte de ter uma guia particular nesse dia. Guiados pela experiente Sara, caminhamos até a base das Agulhas Negras, uma montanha imponente e belíssima, mas esse roteiro é para o sábado então vamos voltar para o que fizemos na sexta.

Depois de apreciarmos as montanhas e a bela cachoeira com sua água congelante voltamos para o entroncamento indicando a volta para o Posto do Marcão (portão do parque), desse ponto em diante seguimos o caminho orientados por totens de pedras e marcações aleatórias do parque, subindo trechos de encosta de pedra o tempo todo até chegarmos à Cachoeira dos Cincos Lagos. Descemos algumas ladeiras para apreciar alguns dos cincos lagos, mas o horário estava contra nós, voltamos à trilha e partimos para o final do trajeto fazendo uma volta completa de 15 km. Sem dúvida uma trilha espetacular e repleta de belas paisagens dando uma impressão que o Criador estava muito inspirado.



À noite nos juntamos com nossos amigos no hostel para o merecido descanso (quem conseguiu). Diz à lenda que teve um festival de roncos no quarto.

Logo que amanheceu partimos novamente para o Posto Marcão para iniciarmos mais uma aventura agora com o grupo completo. Ouvimos as instruções do guia contratado para a escalada ao cume do Pico das Agulhas Negras e seus 2.791 m de altitude, o ponto mais alto do Parque e o quinto mais alto do país segundo dados do IBGE.

Fizemos a trilha tranquila até a Base das Agulhas. Desse ponto em diante a coisa fica mais séria e precisa ter bastante atenção e firmeza para por o pé e saber onde se apoiar para subir passo a passo, metro a metro.

A subida é puxada e tensa, é necessário muito esforço físico para sobrepor os obstáculos naturais da montanha, mas com paciência e perseverança, cada um seguindo seu próprio ritmo, no final conseguimos conquistar o cume das Agulhas Negras. Quando digo conseguimos, digo todos! O nosso grupo está de parabéns! Todos subiram ao cume, vencendo as dores, medos e obstáculos. Parabéns turma! Vocês venceram a montanha!


Já na descida a natureza nos preparou uma surpresa. No meio do trajeto começou a chover, confesso que nunca senti uma chuva tão gelada como aquela e claro com ela aumentou ainda mais a dificuldade de retorno até a Base das Agulhas.

Após termos vencido essa etapa, tivemos um contratempo bem indesejado. Infelizmente alguns amigos tiveram que retornar para São Paulo com urgência.


No dia seguinte o grupo ainda percorreu até a Base das Prateleiras a 2.460 m de altitude curtindo mais algumas subidas e descidas em caminhos recheados de pedras e para fechar o dia, nada como um verdadeiro banho de água fria na Cachoeira das Flores.

Depois de tantas aventuras acumuladas e muitas histórias de bastidores reservadas, voltamos para casa com a certeza de ter realizado uma das trilhas mais espetaculares do ano até agora.


Obrigado Tia Sara pelo planejamento, empenho, guiamento e organização do começo ao fim desta aventura nota mil, particularmente eu aproveitei muito tudo que foi possível!

Valeu galera! Foi um final de semana top dos tops que dificilmente será superado tão cedo.

Até a próxima aventura!

04 fevereiro 2017

1ª Etapa Passos dos Jesuítas – Anchieta – 2ª Edição

Há cinco anos terminamos o primeiro projeto das grandes rotas pelas cidades do Estado de São Paulo e do interiorzão do Brasil. Depois desse longo período resolvemos refazer essa rota com velhos e novos amigos aventureiros dispostos a conhecer alguns segredos e as histórias desses locais.

Essa rota em questão tem pouco mais de 370 quilômetros entre as cidades de Peruíbe no litoral sul e Ubatuba no litoral norte do nosso Estado. Esse trajeto é recheado de vida, história, monumentos, belezas naturais e riquezas arquitetônicas. É só ter olhos atentos e ouvidos afinados para não perder nenhuma parte. Ah! E muita disposição para caminhar é claro!

Então vamos ao que interessa e falar um pouco sobre o que é a Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.



Em setembro de 2011 o Governo do Estado de São Paulo lançou em Peruíbe um trajeto nas características do conhecido Caminho de Santiago de Compostela na Espanha, com o objetivo de atrair mais turistas e peregrinos para as cidades do Litoral Sul e Norte de São Paulo. As cidades participantes são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e finalmente Ubatuba, sem contar com o trajeto alternativo entre Cubatão e Santos.


A ideia do percurso é seguir as placas de sinalização e orientação ao longo do caminho informando os principais pontos turísticos e religiosos, mas infelizmente não vimos nenhuma placa no primeiro dia de caminhada. Quando fiz a primeira vez em 2011 o caminho era bem sinalizado com as placas, ainda bem que tenho algumas referências na memória sobre os pontos turísticos e o trajeto, assim o pessoal que ainda não fez esse percurso não vai ficar sem orientação. É lamentável ver um projeto como esse completamente abandonado com tanto dinheiro público investido pelo Governo com a parceria das Prefeituras. Faltam incentivos, divulgação e vontade pública e política para manter projetos assim funcionando. Depois falam que o brasileiro não tem cultura, mas como justificar o desprezo dos governos em preservar a própria história do país?



A rota “Passos dos Jesuítas – Anchieta” além de tentar resgatar um pouco da história do Padre José de Anchieta¹, conta também um pouco sobre as construções e peregrinações no início do descobrimento do Brasil.

Voltando para o início da nossa caminhada.

Logo que chegamos a Peruíbe², paramos na antiga Estação Ferroviária de Peruíbe, hoje abriga o Museu de Arqueologia da cidade, mas por causa do horário da nossa chegada ele ainda estava fechado. Da Estação descemos até o Mercado do Peixe, ponto inicial da rota para registrar nossa passagem no pórtico inicial da rota.

Para nossa surpresa (decepção), o Monumento ao Pescador que ficava em frente ao Mercado do Peixe já não existe mais, só a estrutura que o sustentava ainda resiste ao abandono, uma verdadeira pena constatar que mais um monumento da cidade deixou de existir.



Seguindo em frente, passamos pelo Lamário³ e pelo Aquário da cidade e senti outra agulhada de tristeza ao constatar que o esqueleto de uma baleia gigante que ficava bem em frente ao Aquário foi retirado e algumas partes dele estavam postos ao lado da entrada. Aquele esqueleto era um chamariz e aguçava a curiosidade de crianças e adultos, mas não existe mais.

Mas nem tudo está perdido ou tão desesperador assim, as praias, no entanto, estavam bem cuidadas e por boa parte da nossa caminhada foi pelo calçadão muito bem preservado, alguns trechos precisando de pequenos reparos, nada mais que isso.



Descemos do calçadão para a areia e seguimos em direção a mais um monumento histórico da cidade, as Ruínas de Abarebebê4. Essas são ruínas da antiga Igreja de São João Batista, ela fazia parte do único aldeamento5 do litoral paulista. A Igreja, hoje em ruínas e seu entorno constituem um sítio arqueológico protegido por lei, sendo patrimônio da União. Infelizmente, esse grande sítio arqueológico encontra-se totalmente abandonado, o pequeno museu dentro do sítio está totalmente destruído e até as placas que contavam a história das ruínas estão enferrujadas e sem qualquer indicio de preservação, por sorte as paredes ainda não estão pichadas ou vandalizadas, mas já indícios de fogueiras no entorno do monumento. Uma verdadeira pena ver como a história no Brasil é tão desprezada e é deixada de lado.



Voltamos para orla da praia e seguimos até a divisa entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém6 por um trecho de praia deserta. Após percorrer esse longo trecho fizemos uma pausa para um merecido descanso com direito a banho de chuva e mar para alguns caminhantes.

Seguindo em frente rumo ao segundo pórtico que deveria ser em frente à Base da Guarda Municipal de Itanhaém. Deveria, mas quando chegamos à Base, só encontramos a fundação de concreto onde existia o pórtico. Fizemos uma pequena reverência ao falecido pórtico e seguimos até as imediações do Pocinho do Anchieta para encerrar nossa primeira etapa dessa reedição da Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.



Ainda não sabemos quais e quantas surpresas essa rota nos reservam, mas independente das decepções com a manutenção dos monumentos e parte da história, a caminhada é cheia de vida e belas paisagens que fazem valer a pena fazer ou refazer esse roteiro muita vontade, principalmente quando estamos bem acompanhados e cercados de amigos que sabem curtir, apreciar e aproveitar tudo que a vida nos apresenta com muito bom humor e cumplicidade.

Valeu galera!

Até o próximo trecho!

¹ “Padre José de Anchieta: - nasceu em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de Tenerife um Arquipélago das Canárias na Espanha em 19 de março de 1534. Desembarcou em Salvador/BA em 13 de julho de 1553 e viveu por aqui por 44 anos. Chegou à Capitania de São Vicente em 24 de dezembro de 1554, região que viveu e amou profundamente. Era catequista, teatrólogo, poeta e enfermeiro. Foi chamado de “Homem Santo” e “O Apóstolo do Brasil”. Faleceu em 09 de junho de 1597 em Reritiba, povoação fundada por ele, hoje Cidade de Anchieta no Espírito Santo”.
² Peruíbe – segundo vocabulário indígena significa “rio dos tubarões” nos termos Tupis – Iperu = tubarão, ‘y = rio e pe = em
³ O Lamário – Projeto Lama Negra de Peruíbe – Complexo Thermal da Lama Negra de Peruíbe. A lama negra (argila crenológica) foi criada pela ação vulcânica e formou-se através da fusão com a água do mar, matérias orgânicas e inorgânicas resultantes de processos geológicos e biológicos. A lama escura com forte odor de enxofre é indicada para: artropatia crônica degenerativa, artrite reumatoide, gota, reumatismo não articular, fribromiosite, mialgias, nevrites, afecções vasculares periféricas, dermatites, caspa, seborreia do couro cabeludo, acnes, manchas de pele, rugas, celulites, entre outras.
4  Significado da palavra Abarebebê em tupi-guarani: “Padre que anda ligeiro, rápido”.
5 O aldeamento era um local com agrupamento de indígenas reunidos por oficiais da Coroa ou por missionários. A data da formação é incerta.
6 Itanhaém – Há duas versões para o significado do nome ele vem da origem Tupi = itá-nha': uma diz: uma pedra que canta e a outra: pranto de pedra ou pedra que chora.