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19 março 2016

5ª Etapa - Caminho da Fé – Tocos do Moji a Estiva

Dia 19, retornamos a Tocos do Moji – MG para completar o trecho que faltava entre Inconfidentes e Tocos. Seguimos até o mesmo ponto onde finalizamos a caminhada anterior e partimos para encarar as tais subidas difíceis que tanto nos falaram.

De fato eram subidas fortes e bem íngremes e a força nas pernas foi muito exigida, mas o trecho não impõe tanta dificuldade como pintaram para o nosso grupo, ou estamos mais preparados do que imaginamos. Por outro lado, o fator complicador naquelas subidas foi encara-las com o digníssimo Astro Rei em toda sua glória queimando, torrando e cozinhando a pele dos caminhantes debaixo de um céu azul magnífico sem nenhuma nuvenzinha ou sombra de árvores para dar um alento para o povo por longos trechos. Para nossa sorte pudemos contar com a bondade de algumas famílias que construíram ao longo do percurso algumas bicas de água potável onde o caminhante/peregrino pode aproveitar um pouco de água fresca e uma boa sombra até repor um pouco das forças antes de seguir em frente subindo e descendo as montanhas da Serra da Mantiqueira.


Depois de algumas subidas e decidas chegamos a uma vilazinha, bem pequena mesmo, onde encontramos os portões da Igreja São Francisco de Assis que ficam abertos. Quem estiver com sede pode beber água na fonte, quem estiver cansado pode descansar em um de seus bancos, ou ainda, simplesmente se jogar por ali mesmo para ouvir os pássaros cantar no jardim bem arrumado ao redor da igreja até tomar coragem para continuar a caminhada.

Da vila até o centro de Tocos foram mais alguns quilômetros com pequenas e não menos cansativas subidas e decidas.

Por fim chegamos à cidade de Tocos do Moji.

“Tocos do Moji é a cidade mais nova do Sul de Minas com aproximadamente quatro mil habitantes. Sua origem é a mesma das outras cidades da região, iniciando com a formação de um pequeno povoado com a chegada dos bandeirantes por volta de 1870 que subiram o Rio Mogi Guaçu à procura de ouro. O nome Mogi Guaçu tem origem indígena: Moji = Rio e Guaçu = Grande. (A palavra Mogi se escreve em Tupi-guarani com a letra “J”). Já a palavra Tocos é originaria da língua Grega Tókos que significa: nascimento, parto, ou seja, nascente do Rio Moji. Outra versão é que Tocos seriam tocos de árvores mesmo, pois conta-se que a vegetação de Tocos do Moji era constituída essencialmente de araucárias e outras árvores de madeira de lei que eram derrubadas e vendidas, por consequência a parte mais plana do vilarejo foi ficando conhecida na região por tocos, por conta dos tocos das árvores que restaram. Tocos foi Distrito de Pouso Alegre até 1938 quando passou a pertencer a Borda da Mata, em 1951 a construção da Ponte de Pedra sobre o Rio Moji facilitou o acesso dos moradores e o comércio entre Tocos e Borda. Só em 1995 o Distrito de Tocos do Moji se emancipou e em 1997 tomou posse o primeiro Prefeito da cidade”.*


Paramos na avenida da cidade e literalmente nos jogamos nos bancos e gramado da ilha central da avenida.

Carimbamos mais uma vez nosso passaporte para registrar nossa passagem na cidade e ainda assinamos o livro de visitas da Casa da Cultura.

Comemoramos por ter vencido as montanhas com uma “gelada” pra variar. Lanchamos ali mesmo no meio da rua e descobrimos que bem pertinho da cidade tinha uma cachoeira. Não houve discussão, partimos para a cachoeira.

A cachoeira em si não era muito grande. O rio estava com a água turva e com boa correnteza bem característica após pancadas de chuvas, mas o sol estava forte e a água muito além do convidativo. Mesmo turva, posso dizer que estava simplesmente maravilhosa!

Ficamos por ali o suficiente para descansar e refrescar o corpo. Retornamos à rota original e passamos pela Igreja da cidade que fica na parte alta. Lá de cima dá para ver toda a extensão do centro e alguns bairros do outro lado do rio.


Existe uma história interessante sobre a construção dessa igreja.

A primeira capela da cidade foi construída nos arredores da fazenda de Vicente Garcia da Rosa, até que uma mulher morreu de “bexiga” (doença corriqueira na época) e foi enterrada nela. Com medo de contágio os moradores nunca mais rezaram na capela. Foi então que um homem de fé juntou um saco de moedas e partiu para Aparecida do Norte no lombo de um burro ou cavalo (meio de transporte comum em curtas ou longas viagens da época) e trouxe consigo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que existe até hoje na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida. Após a chegada da imagem, a comunidade se mobilizou e construiu uma nova Capela em 1919.

Depois de passarmos pela igreja seguimos rumo a Estiva. Tocos do Moji foi ficando para trás no meio do vale cercado por montanhas e fazendas e mais fazendas de morangos. (preciso voltar lá no festival do morando e conhecer as outras cachoeiras que ficaram do outro lado da rota).


Entre Tocos e Estiva são 21 quilômetros de caminhada, mas quando registramos mais de 20 quilômetros andados entre o último ponto de parada e o meio do caminho para Estiva, resolvemos encerrar o dia deixando para a próxima etapa a conclusão desse trecho.

Céu azul, sol, subidas, montanhas, fazendas de morangos, história, cultura, cachoeiras e muita descontração. Acho que não preciso dizer mais nada sobre essa etapa né?

Caminhantes: Adriana e Argeu Alamino, Cris Senkiw, Gilson Lopes, Jane Ribeiro, Marcos Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Marilice Ruy Carral, Val Martini, Wilma Custódio e Seu Carlos Tsuda.


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