Dia 19, retornamos a Tocos do
Moji – MG para completar o trecho que faltava entre Inconfidentes e Tocos.
Seguimos até o mesmo ponto onde finalizamos a caminhada anterior e partimos
para encarar as tais subidas difíceis que tanto nos falaram.
De fato eram subidas fortes e bem
íngremes e a força nas pernas foi muito exigida, mas o trecho não impõe tanta
dificuldade como pintaram para o nosso grupo, ou estamos mais preparados do que
imaginamos. Por outro lado, o fator complicador naquelas subidas foi encara-las
com o digníssimo Astro Rei em toda
sua glória queimando, torrando e cozinhando a pele dos caminhantes debaixo de
um céu azul magnífico sem nenhuma nuvenzinha ou sombra de árvores para dar um
alento para o povo por longos trechos. Para nossa sorte pudemos contar com a bondade
de algumas famílias que construíram ao longo do percurso algumas bicas de água
potável onde o caminhante/peregrino pode aproveitar um pouco de água fresca e
uma boa sombra até repor um pouco das forças antes de seguir em frente subindo
e descendo as montanhas da Serra da Mantiqueira.
Depois de algumas subidas e
decidas chegamos a uma vilazinha, bem pequena mesmo, onde encontramos os
portões da Igreja São Francisco de Assis que ficam abertos. Quem estiver com
sede pode beber água na fonte, quem estiver cansado pode descansar em um de
seus bancos, ou ainda, simplesmente se jogar por ali mesmo para ouvir os
pássaros cantar no jardim bem arrumado ao redor da igreja até tomar coragem
para continuar a caminhada.
Da vila até o centro de Tocos foram
mais alguns quilômetros com pequenas e não menos cansativas subidas e decidas.
Por fim chegamos à cidade de
Tocos do Moji.
Carimbamos mais uma vez nosso
passaporte para registrar nossa passagem na cidade e ainda assinamos o livro de
visitas da Casa da Cultura.
Comemoramos por ter vencido as
montanhas com uma “gelada” pra variar. Lanchamos ali mesmo no meio da rua e
descobrimos que bem pertinho da cidade tinha uma cachoeira. Não houve
discussão, partimos para a cachoeira.
A cachoeira em si não era muito
grande. O rio estava com a água turva e com boa correnteza bem característica
após pancadas de chuvas, mas o sol estava forte e a água muito além do
convidativo. Mesmo turva, posso dizer que estava simplesmente maravilhosa!
Ficamos por ali o suficiente para
descansar e refrescar o corpo. Retornamos à rota original e passamos pela
Igreja da cidade que fica na parte alta. Lá de cima dá para ver toda a extensão
do centro e alguns bairros do outro lado do rio.
Existe uma história interessante
sobre a construção dessa igreja.
A primeira capela da cidade foi
construída nos arredores da fazenda de Vicente Garcia da Rosa, até que uma
mulher morreu de “bexiga” (doença corriqueira na época) e foi enterrada nela.
Com medo de contágio os moradores nunca mais rezaram na capela. Foi então que
um homem de fé juntou um saco de moedas e partiu para Aparecida do Norte no
lombo de um burro ou cavalo (meio de transporte comum em curtas ou longas
viagens da época) e trouxe consigo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que
existe até hoje na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida. Após a chegada da
imagem, a comunidade se mobilizou e construiu uma nova Capela em 1919.
Depois de passarmos pela igreja
seguimos rumo a Estiva. Tocos do Moji foi ficando para trás no meio do vale
cercado por montanhas e fazendas e mais fazendas de morangos. (preciso voltar
lá no festival do morando e conhecer as outras cachoeiras que ficaram do outro
lado da rota).
Entre Tocos e Estiva são 21
quilômetros de caminhada, mas quando registramos mais de 20 quilômetros andados
entre o último ponto de parada e o meio do caminho para Estiva, resolvemos
encerrar o dia deixando para a próxima etapa a conclusão desse trecho.
Céu azul, sol, subidas,
montanhas, fazendas de morangos, história, cultura, cachoeiras e muita
descontração. Acho que não preciso dizer mais nada sobre essa etapa né?
Caminhantes: Adriana e Argeu Alamino, Cris Senkiw, Gilson Lopes, Jane
Ribeiro, Marcos Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Marilice Ruy Carral,
Val Martini, Wilma Custódio e Seu Carlos Tsuda.
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