O Governo de São Paulo lançou no dia 14 de setembro de 2011 em Peruíbe, um trajeto nas características da conhecida Caminhada de Santiago de Compostela, com o objetivo de atrair mais turistas e peregrinos para as cidades do Litoral Sul de São Paulo. As cidades participantes são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Bertioga, Ilha Bela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Ao todo serão 360 km de caminhada.
A caminhada “Passos dos Jesuítas - Anchieta” além de trazer um pouco da história do Padre José de Anchieta, conta um pouco das construções e peregrinações no início do descobrimento do Brasil.
Conhecendo um pouco do Padre José de Anchieta: nascido em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de Tenerife - Arquipélago das Canárias na Espanha em 19 de março de 15 34. Desembarcou em Salvador/BA em 13 de julho de 15 53 e viveu por aqui por 44 anos. Chegou à Capitania de São Vicente em 24 de dezembro de 15 54, região que viveu e amou profundamente. Era catequista, teatrólogo, poeta e enfermeiro. Foi chamado de “Homem Santo” e “O Apóstolo do Brasil”. Faleceu em 09 de junho de 15 97 em Reritiba, povoação fundada por ele, hoje Cidade de Anchieta em Espírito Santo.
Durante todo o percurso, os caminhantes são orientados por placas informando os principais pontos turísticos e religiosos. Esse percurso pode ser complementado por outros atrativos que as cidades oferecem, como: igrejas, museus, praças históricas, sítios arqueológicos, monumentos, mirantes, praias, trilhas ecológicas, parques... Claro que vale muito fazer a caminhada seguindo apenas o trajeto original, mas com certeza é muito melhor passando pelos outros pontos turísticos e históricos, conhecendo um pouco mais o que cada cidade oferece ao turista, contando um pouco da sua própria história.
Dia 29 de Outubro, chegamos ao litoral sul de São Paulo para dar início a nossa caminhada “Passos dos Jesuítas - Anchieta”. Com os cartões em mãos e já habilitados para passar nos pórticos e marcar nossa passagem em cada trecho do percurso, fomos ao ponto inicial na Praça do Mercado do Peixe em Peruíbe.
Ao lado do Mercado do Peixe, conhecemos o portinho de Peruíbe, com os barcos pesqueiros da região, ao pé da Montanha na Praia de Guaraú.
Logo no começo da caminhada, chegamos ao LAMÁRIO, Projeto Lama Negra de Peruíbe – Complexo Thermal da Lama Negra de Peruíbe. A lama negra (Argila crenológica) foi criada pela ação vulcânica e formou-se através da fusão com a água do mar, matérias orgânicas e inorgânicas resultantes de processos geológicos e biológicos. A lama escura com forte odor de enxofre é indicada para: artropatia crônica degenerativa, artrite reumatóide, gota, reumatismo não articular, fribromiosite, mialgias, nevrites, afecções vasculares periféricas, dermatites, caspa, seborréia de couro cabeludo, acnes, manchas de pele, rugas, celulites, entre outras.
Ao lado do Lamário temos o Aquário de Peruíbe, com mais um pouco da história da pesca em Peruíbe e alguns peixes em exposição.
Seguindo nossa caminhada chegamos a Praça da Igreja Matriz. A Igreja de São João Batista tem vitrais coloridos de santos católicos e painéis pintados ao longo da igreja, retratando passagens bíblicas, com uma cruz no teto e pequenos vitrais desenhados. No fundo da igreja existe também uma réplica do Santo Sudário e a sua história.
Voltando ao nosso percurso, seguindo as placas chegamos à Praça Florida, onde os caminhantes podem apreciar a feira de artesanatos regionais, mas infelizmente no horário em que passamos por ela, não havia nenhuma barraca aberta. Seguindo novamente as placas chegamos às Ruínas do Abarebebê e ao Museu Arqueológico. A Igreja de São João Batista, conhecida hoje como ruínas do Abarebebê, fazia parte do único aldeamento do litoral paulista. Aldeamento era um local com agrupamento de indígenas reunidos por oficiais da Coroa ou missionários. A data da formação desse aldeamento é incerta. A Igreja, hoje em ruínas, e seu entorno constituem um sítio arqueológico protegido por lei, sendo patrimônio da União. Dentro do sítio arqueológico entramos na Sala de Exposição Leonardo Nunes. Essa sala conta um pouco da história da catequização dos índios e como a cidade de Peruíbe foi crescendo ao longo do tempo.
Continuando nossa caminhada, seguimos rumo a Capela do Mosaico. Essa pequena capela fica dentro da Colônia Veneza, com chalés, restaurante, áreas de lazer e um mini anfiteatro. Dentro da capela, contemplamos o trabalho de um artista que retratou santos bíblicos, a crucificação, uma santa ceia num estilo tropical, trabalho no campo, anjos, enfim um trabalho e tanto.
Aproveitando nossa ida até a capela, subimos o mirante, onde tivemos uma visão privilegiada da orla das praias de Peruíbe até a cidade de Itanhaém. Ainda no mirante entramos no Museu Histórico e Arqueológico de Peruíbe com objetos dos Sambaquis e louças do séc. XIX, objetos domésticos dos colonizadores, painéis da região e detalhes dos sítios arqueológicos ao longo da cidade de Peruíbe.
Seguimos novamente as placas e chegamos à divisa entre Peruíbe e Itanhaém. Nesse primeiro dia caminhamos todo trajeto original com alguns complementos. Foram cerca de 25 km de caminhada.
Já no dia 30, começamos do ponto em que paramos, rumando para o norte em nossa caminhada. Foram mais 12 km em linha reta pela orla passando por várias praias até o segundo pórtico na Guarda Civil de Itanhaém. Logo após o segundo pórtico chegamos ao Pocinho de Anchieta, depois subimos o Morro Paranambuco e a Pedra da Esfinge. No alto do morro, temos uma visão completa da orla das praias desde as montanhas na praia de Guaraú em Peruíbe de onde partimos até as praias de Itanhaém. Lá em cima vimos de perto os famosos painéis de Anchieta.
Descemos o morro, passamos pela Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e caminhamos pela passarela que leva à Cama de Anchieta. Essa cama, esculpida pela natureza, feita de pedra, é um lugar com muitas rochas com as ondas do mar batendo, fazendo aquele barulho gostoso da água e do vento.
Assim terminamos nossa primeira etapa. Apesar da distância percorrida nesses dois dias, cerca de 40 km , nossas pernas não ficaram doloridas, cansadas sim, mas doloridas não. Faltam muitos quilômetros ainda, mas já deu para ter um gostinho do que todo o trajeto nos reserva.
Esse foi apenas o início da nossa caminhada.
Caminhantes: Cláudia Melo, Marco Estácio e Marcos Roberto.
Por Marcos Roberto - Ação Natural Trilheiros
Olá, pretendo fazer esse caminho em janeiro de 2014. Gostaria de saber qual a impressão de vocês sobre o litoral de São Paulo. Se é perigoso, se pode montar a barraca nas praias, etc. Você já publicou o restante da viagem? Abraços
ResponderExcluirOlá Amigo,
ResponderExcluirRecomendo sim, você vai ter uma experiência e tanto! Publiquei todos os trechos da nossa caminhada desde Peruíbe a Ubatuba e a Rota Alternativa de Cubatão a Santos. É só dar uma olhada no blog que você vai encontrar nossas caminhadas!
Dica, tente fazer alguns complementos que o programa indica, vale a pena!
No geral é muito tranquilo, só vale mais a atenção quando você chegar no Portinho na Praia Grande, na travessia de Santos para o Guarujá e na estrada Guarujá/Bertioga, esses trechos merecem um pouco mais de cuidado, mas no geral é uma excelente caminhada pode apostar!
Preferencialmente não faça o caminho sozinho, é sempre bom ter companhia.
Boa Caminhada!