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27 junho 2015

21ª Etapa da Rota Franciscana – Rota Sabedoria – Final

Em junho de 2013, começamos o projeto ”Rota Franciscana” com a finalidade de percorrer 31 cidades do interior paulista envolvidas no programa Caminha São Paulo Rota Franciscana - Frei Galvão, totalizando 818 km divididos em etapas.

A cada etapa, uma nova história e foram muitas histórias recheadas de boas recordações que ficarão em nossa memória por muito tempo.

Dia 27, juntamos a turma para a última etapa em clima de festa e também de despedida da Rota.


Seguimos para Sabaúna para enfim registrar nossa passagem no penúltimo pórtico instalado na Praça da Estação Ferroviária.

Sabaúna foi fundada em 1889 e teve sua origem em uma antiga fazenda cuidada por frades carmelitas e em 1920 foi elevada a distrito de Mogi das Cruzes.

Seu nome vem da palavra Tamba Uma que em Tupi-guarani que significa Concha Preta. Um tipo de concha muito comum encontrada no Ribeirão Guararema que corta o distrito.


A principal atração turística do distrito é a Estação Ferroviária de 1893. Hoje ela abriga o Museu Ferroviário de Sabaúna. Foi nesta Estação que em 1954 ocorreu o famoso assalto ao trem pagador, até então o maior assalto ocorrido no país. Vale uma visita para conhecer o entorno do distrito que tem muitas trilhas que podem ser percorridas a pé, a cavalo ou de bike.

Depois de aquecer o estômago com um cafezinho na pequena padaria do distrito, seguimos para Mogi das Cruzes. Não encontramos nenhuma placa da rota em parte alguma. O caminhante que fizer esse trecho pode optar por seguir pela estrada asfaltada ou ir por dentro da zona rural (estrada de terra ao lado esquerdo da ponte), por ambos os caminhos se chega a Mogi das Cruzes.


Seguimos pelo trecho rural subindo e descendo estradas de terra, cortando sítios e fazendas até a estrada de terra dar lugar ao asfalto. A partir desse momento, não demora muito e os primeiros bairros começam a surgir no caminho para o centro da cidade.

Faltava pouco para chegar ao nosso destino final, mas antes resolvemos passear pelo centro histórico de Mogi para conhecer um pouco da sua história e origem.

Mogi é uma alteração de Boigy – nome de origem Tupi que significa Rio das Cobras e que os índios davam a um trecho do Rio Tietê.

Mogi das Cruzes surgiu como muitas outras cidades. Começou como povoado servindo de ponto de repouso aos bandeirantes e exploradores indo e vindo de São Paulo. Em 1611 foi criada a Vila de San’tana de Mogy Mirim, em 1855 foi elevada a Cidade e em 1874, Comarca.


No caminho passamos pela Igreja Nossa Senhora do Socorro de 1858. A construção original foi demolida em 1951 e no mesmo local foi construída uma nova igreja com as mesmas características da antiga. Já no Centro Histórico passamos na Igreja de São Sebastião – Santuário do Senhor Bom Jesus dos Matosinhos, construção do século XVIII de taipa de pilão e taipa de mão, pelo Monumento Aviador de 1949 em homenagem aos aviadores que morreram em uma queda durante as comemorações do aniversário da cidade. Um pouco mais à frente está o prédio que abriga a Corporação Musical Santa Cecília fundada em 1926. Em frente à Corporação está o Theatro Vasques de 1902. O prédio foi Câmara Municipal por vários anos e depois de reformado voltou a ser chamado de Theatro Vasques. Ao lado está a Igreja do Carmo tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), construída no fim do século XVIII no Estilo Barroco-Rococó, com madeiras entalhadas e o forro da nave com pinturas ilusionistas no estilo das igrejas barroco mineiras.

Depois desse tour pelo Centro Histórico chegamos à Estação Ferroviária de Mogi das Cruzes onde pegamos o trem rumo ao último pórtico no Mosteiro da Luz em São Paulo.


Descemos na magnífica Estação da Luz, uma das estações de trens mais bonitas do estado, senão a do país e um dos principais marcos históricos da cidade de São Paulo. A Estação foi aberta ao público em 1901. Ela ocupa aproximadamente 7,5 mil m² do Jardim da Luz onde também se encontram as estruturas trazidas da Inglaterra que copiam o Big Ben e a Abadia de Westminster. Por incrível que pareça não houve nenhuma inauguração formal da Estação na época, mas aos poucos ela se tornou um importante marco para a cidade já que todas as personalidades ilustres que vinham para a capital eram obrigadas a desembarcar na Estação da Luz, além de ser a grande porta de entrada para imigrantes vindos de diversas regiões. Em 1946 o prédio da Luz foi parcialmente destruído por um incêndio, mas reconstruído em 1951 quando a estação foi oficialmente reinaugurada. Com o passar dos anos ainda sofreu algumas reformas e restaurações. Em 1982 o complexo arquitetônico da Estação da Luz foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico).

Saímos da Estação da Luz e seguimos para o Mosteiro da Luz.


O Mosteiro foi fundado pelo próprio Frei Galvão em 1774. Hoje o Mosteiro é mantido e administrado pelas Monjas Concepcionistas Franciscanas da Ordem da Imaculada Conceição. Além de receberem os fiéis que buscam conforto espiritual e material, elas confeccionam e distribuem as famosas pílulas milagrosas de Frei Galvão, legado deixado pelo Frei. No complexo do Mosteiro estão: o Convento das Irmãs Concepcionistas (claustro), o túmulo do Frei Galvão na Capela Frei Galvão, o Memorial Frei Galvão, sala da distribuição de pílulas, Barraca das Irmãs, Museu de Arte Sacra de São Paulo e a exposição permanente de presépios na antiga Casa do Capelão. Em 1943 o Complexo foi tombado pelo IPHAN e em 1977 pelo CONDEPHAAT.

Assim que entramos no Complexo do Mosteiro da Luz registramos nossa passagem no último pórtico da rota completando os 818 km e finalizando oficialmente a nossa jornada, mas já que estávamos lá, não poderíamos deixar de visitar o Museu da Arte Sacra e ver algumas das dezoito mil peças em exposição: joias, pinturas, mobiliários, livros e indumentárias sacras. Visitamos também a Capela do Frei Galvão e o Museu dos Presépios, esse último abriga 190 conjuntos presepistas originários de diversos países e regiões do Brasil produzidos com técnicas diferentes. Ele mostra um Presépio Napolitano com aproximadamente mil e quinhentas peças. Esse é simplesmente o presépio mais rico em detalhes que já vi até hoje!

Oficialmente a rota terminou no Mosteiro da Luz, mas o nosso dia ainda estava longe de terminar. Faltava o Gran Finale!


Era costume ao final de cada etapa comemorar bebendo e comendo em algum lugar na cidade do trecho finalizado, dessa vez, resolvemos finalizar com um churrasco com todos os que participaram da caminhada e com nossas famílias.

Foram mais algumas horas de descontração regadas a muita risada (marca registrada deste grupo em toda rota).

Faltam palavras para agradecer a todos que participaram deste projeto. Não há preço que pague as aventuras que tivemos durante esses dois anos de idas e vindas a cada cidade.

Algumas vezes ficamos em dúvida por qual caminho seguir por faltarem placas ou por desencontro de informações nos arquivos disponibilizados pelo programa da Rota, mas nem isso tirou nosso humor e só aumentou o brilho da nossa conquista. Sem contar que conhecemos muita gente boa no caminho.

Há! Já estava me esquecendo. Em algum momento da Rota surgiu o inesquecível jargão: “Se não for para fazer direito eu não faço!”, esse jargão sempre foi lembrado quando faltavam informações necessárias sobre o caminho a seguir.

Andamos e rimos muito! Vale ressaltar ainda que o entrosamento do grupo até o final foi fantástico! Tudo correu perfeitamente bem. Somos um time e tanto!

Na quinta Rota do programa, Rota Sabedoria, foram percorridos ao todo 222 km de caminhada e mais 51 km de trem entre Mogi das Cruzes e São Paulo, conforme o cronograma.

Pois é turma! A Rota Franciscana - Frei Galvão terminou!

Agora nos resta estudar novas rotas e trajetos. Muitas aventuras estão esperando por nós, dentro e fora do nosso Estado.

Até a próxima!

Caminhantes: Andreia Carral, Argeu, Alexandre, Cláudio Fonseca, Cris, Jane, Marilice Carral, Marco Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Osmar Macias, Rafael, Rosangela e Wilma. (todos os que participaram pelo menos em um trecho)

Motoristas de Apoio: Seu Carlos, Mônica Gavarron e Omar.

E a inesquecível participação especial do enigmático Sydão Vodskowisk que até o final da caminhada não quis aparecer em nenhuma foto com o grupo. Te aguardamos na próxima amigo!

13 junho 2015

20ª Etapa Rota Franciscana – Rota Sabedoria

O final da rota se aproxima conforme vamos chegando próximo à capital paulista.

Voltamos a Santa Branca para continuar nossa caminhada rumo a Guararema.

Santa Branca é uma cidade pequena situada no Vale do Paraíba. A cidade ainda mantém parte de sua arquitetura original da época do Brasil Império. Não é à toa que ela possui o título de “Cidade Presépio”, pois suas ladeiras e casas ajudam a lembrar verdadeiros presépios natalinos.

Em 1652 nasceu a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Jacareí, dando origem à cidade. Em 1841 o povoado foi elevado a Freguesia, em 1856 se tornou Vila e a criação do município foi em 1856.

Na etapa anterior visitamos a Igreja Matriz de Santa Branca construída por escravos em 1828 com alicerces e paredes de taipa de pilão. Também passamos em frente ao Edifício Ajudante Braga construído na época imperial e que hoje é a Câmara Municipal da cidade. 

Descemos até a Igreja do Rosário construída em 1869 em taipa de pilão com duas torres. Ainda na parte baixa da cidade passamos em frente ao Mercado Municipal. Demos uma esticada para conhecer a Ponte Metálica construída pelo escritor e engenheiro Euclides da Cunha em 1902 sobre o Rio Paraíba do Sul. A ponte tem dois pilares de pedra que sustentam as ferragens inglesas consideradas na época um dos materiais mais resistentes do mundo. Infelizmente, a ponte está completamente abandonada e a ferrugem tomou conta de tudo. Chega a doer o coração ver um patrimônio histórico da cidade daquele jeito. Certamente seria motivo de orgulho se fosse restaurada e preservada.

Voltando à rota original, passamos pela Capela São Sebastião. Essa capela foi construída pelos fiéis no início do século, e mais uma vez não tivemos sorte de encontrá-la aberta.


Logo atrás da Capela, entramos na área rural da cidade seguindo para Guararema. Por boa parte desse trecho fomos presenteados pela paisagem. Ao longo do percurso tínhamos o Rio Paraíba do Sul por companhia aumentando ainda mais as belezas naturais que nos cercavam. Logo que atravessamos a divisa com Guararema saímos novamente da rota original para subir por dentro de uma fazenda particular em direção a Cachoeira do Putim.

O dia estava muito quente e um banho de cachoeira não seria nada mal para refrescar o corpo e seguir adiante na rota, mas infelizmente o bicho homem não é capaz de preservar a natureza, nem mesmo levar de volta seu próprio lixo. No local existem alguns latões de lixo e mesmo assim tinha tanto lixo espalhado misturado com vários trabalhos de macumba que chegou a dar nojo. Moral da história, só tiramos fotos, nada de banho, infelizmente. Quem sabe um dia o “ser humano” aprende a respeitar um pouco a natureza.

Seguimos em frente pela estrada agora asfaltada rumo à Guararema.

O nome Guararema tem sua origem em Tupi Guarani que significa “madeira mal cheirosa” devido a grande quantidade na região de uma espécie de árvore conhecida como Pau D’Alho.

Em 1654 alguns frades construíram a capela Nossa Senhora da Escada, porque havia uma escada entre a barragem do rio e o lugar onde ergueram a capela dando origem a uma vila. Em 1872 foi elevada a Distrito de Paz e em 1876 foi inaugurada a Estrada de Ferro Central do Brasil trazendo vários imigrantes, mas só em 1898 foi elevada a município.

Logo que chegamos a Guararema procuramos o pórtico, demos uma volta e tanto procurando por ele, já estávamos quase desistindo quando finalmente o encontramos meio escondido na Praça da Estação ao lado do banheiro.

Aproveitamos para visitar a Estação Ferroviária. Esta Estação foi completamente restaurada e transformada em Centro Cultural onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Cultura. Segundo relatos ainda existem passeios de trem Turístico e Cultural ligando Guararema a Luis Carlos, mas não confirmamos essa informação, a Secretaria estava fechada. Na Estação tem uma Locomotiva 353 (Maria Fumaça) estacionada dentro de uma plataforma protegida. Essa Locomotiva é o símbolo do desenvolvimento da cidade, foi através dos apitos da Maria Fumaça que a cidade cresceu.

Bem próximo a Estação está o Pontilhão. A estrutura da ponte é grandiosa e imponente, baseada na arquitetura inglesa. Andamos por ela cruzando de um lado para outro por cima do Rio Paraíba do Sul torcendo para não passar nenhum trem de carga naquele momento, ainda bem que não passou senão seria um corre-corre engraçado em cima da ponte.

Seguindo em frente passamos pela Paróquia Nossa Senhora da Ajuda e São Benedito de Guararema no centro da cidade, mas ela parecia que estava sendo preparada para algum casamento, tiramos algumas fotos e seguimos em frente.

Um pouco mais a frente atravessamos mais uma ponte por cima do Rio Paraíba do Sul para entrar na Ilha Grande. Inaugurada no final de 2004 a Ilha Grande é mais um ponto turístico da cidade que permite ao visitante uma caminhada de aproximadamente 400 metros às margens do rio em meio a muita vegetação e animais que parecem não se importar com a presença humana, além é claro de um festival de peixes se exibindo a procura de alimentos jogados pelos visitantes.

Demos aquela parada estratégica para reabastecer nossas energias e refrescar a garganta. Ninguém é de ferro!

Depois de conhecermos um pouco de Guararema seguimos para nossa última parada antes de pegar o trem para finalizar de vez a Rota Franciscana.

Seguimos as orientações da rota pelo GPS já que as placas nesse trecho sumiram, ou será que os arquivos para o GPS levam por outro caminho? Sinceramente não sei, mas como já tivemos vários desencontros entre as placas e os arquivos disponibilizados para os caminhantes, seguimos o que era mais seguro.

Subimos algumas montanhas por trechos que variavam com asfalto e estrada de terra. A vista é muito gratificante, mas haja pernas para encarar tantas subidas e descidas.

Antes mesmo de chegarmos à Sabaúna para registrar nossa passagem demos o dia por encerrado, já que a informação no Guia do Caminhante indica que o pórtico está na Estação de Sabaúna e o trajeto indicado pelo GPS estava nos levando direto para a Estação de Mogi das Cruzes.

Deixamos para percorrer esse trecho na última etapa da rota.

Agora entramos em contagem regressiva para finalizar toda a Rota Franciscana.

Até agora tem sido uma experiência ímpar conhecer todas as cidades participantes e suas histórias.

Próxima parada: Final da Rota!

Caminhantes: Argeu, Jane, Marco Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda e Wilma.