Em junho de 2013, começamos o
projeto ”Rota Franciscana” com a finalidade de percorrer 31 cidades do interior
paulista envolvidas no programa Caminha São Paulo Rota Franciscana - Frei
Galvão, totalizando 818 km divididos em etapas.
A cada etapa, uma nova história e
foram muitas histórias recheadas de boas recordações que ficarão em nossa
memória por muito tempo.
Dia 27, juntamos a turma para a
última etapa em clima de festa e também de despedida da Rota.
Seguimos para Sabaúna para enfim registrar
nossa passagem no penúltimo pórtico instalado na Praça da Estação Ferroviária.
Sabaúna foi fundada em 1889 e teve
sua origem em uma antiga fazenda cuidada por frades carmelitas e em 1920 foi
elevada a distrito de Mogi das Cruzes.
Seu nome vem da palavra Tamba Uma que em Tupi-guarani que
significa Concha Preta. Um tipo de
concha muito comum encontrada no Ribeirão Guararema que corta o distrito.
A principal atração turística do
distrito é a Estação Ferroviária de 1893. Hoje ela abriga o Museu Ferroviário
de Sabaúna. Foi nesta Estação que em 1954 ocorreu o famoso assalto ao trem
pagador, até então o maior assalto ocorrido no país. Vale uma visita para
conhecer o entorno do distrito que tem muitas trilhas que podem ser percorridas
a pé, a cavalo ou de bike.
Depois de aquecer o estômago com
um cafezinho na pequena padaria do distrito, seguimos para Mogi das Cruzes. Não
encontramos nenhuma placa da rota em parte alguma. O caminhante que fizer esse
trecho pode optar por seguir pela estrada asfaltada ou ir por dentro da zona
rural (estrada de terra ao lado esquerdo da ponte), por ambos os caminhos se
chega a Mogi das Cruzes.
Seguimos pelo trecho rural
subindo e descendo estradas de terra, cortando sítios e fazendas até a estrada
de terra dar lugar ao asfalto. A partir desse momento, não demora muito e os
primeiros bairros começam a surgir no caminho para o centro da cidade.
Faltava pouco para chegar ao
nosso destino final, mas antes resolvemos passear pelo centro histórico de Mogi
para conhecer um pouco da sua história e origem.
Mogi é uma alteração de Boigy
– nome de origem Tupi que significa Rio
das Cobras e que os índios davam a um trecho do Rio Tietê.
Mogi das Cruzes surgiu como
muitas outras cidades. Começou como povoado servindo de ponto de repouso aos
bandeirantes e exploradores indo e vindo de São Paulo. Em 1611 foi criada a
Vila de San’tana de Mogy Mirim, em 1855 foi elevada a Cidade e em 1874, Comarca.
No caminho passamos pela Igreja
Nossa Senhora do Socorro de 1858. A construção original foi demolida em 1951 e
no mesmo local foi construída uma nova igreja com as mesmas características da
antiga. Já no Centro Histórico passamos na Igreja de São Sebastião – Santuário
do Senhor Bom Jesus dos Matosinhos, construção do século XVIII de taipa de
pilão e taipa de mão, pelo Monumento Aviador de 1949 em homenagem aos aviadores
que morreram em uma queda durante as comemorações do aniversário da cidade. Um
pouco mais à frente está o prédio que abriga a Corporação Musical Santa Cecília
fundada em 1926. Em frente à Corporação está o Theatro Vasques de 1902. O
prédio foi Câmara Municipal por vários anos e depois de reformado voltou a ser
chamado de Theatro Vasques. Ao lado está a Igreja do Carmo tombada pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), construída no fim do
século XVIII no Estilo Barroco-Rococó, com madeiras entalhadas e o forro da
nave com pinturas ilusionistas no estilo das igrejas barroco mineiras.
Depois desse tour pelo Centro Histórico chegamos à Estação Ferroviária de Mogi
das Cruzes onde pegamos o trem rumo ao último pórtico no Mosteiro da Luz em São
Paulo.
Descemos na
magnífica Estação da Luz, uma das estações de trens mais bonitas do estado,
senão a do país e um dos principais marcos históricos da cidade de São Paulo. A
Estação foi aberta ao público em 1901. Ela ocupa aproximadamente 7,5 mil m² do
Jardim da Luz onde também se encontram as estruturas trazidas da Inglaterra que
copiam o Big Ben e a Abadia de Westminster. Por incrível que pareça não houve nenhuma
inauguração formal da Estação na época, mas aos poucos ela se tornou um
importante marco para a cidade já que todas as personalidades ilustres que
vinham para a capital eram obrigadas a desembarcar na Estação da Luz, além de
ser a grande porta de entrada para imigrantes vindos de diversas regiões. Em
1946 o prédio da Luz foi parcialmente destruído por um incêndio, mas
reconstruído em 1951 quando a estação foi oficialmente reinaugurada. Com o
passar dos anos ainda sofreu algumas reformas e restaurações. Em 1982 o
complexo arquitetônico da Estação da Luz foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico).
Saímos da Estação
da Luz e seguimos para o Mosteiro da Luz.
O Mosteiro foi
fundado pelo próprio Frei Galvão em 1774. Hoje o Mosteiro é mantido e
administrado pelas Monjas Concepcionistas Franciscanas da Ordem da Imaculada
Conceição. Além de receberem os fiéis que buscam conforto espiritual e material,
elas confeccionam e distribuem as famosas pílulas milagrosas de Frei Galvão,
legado deixado pelo Frei. No complexo do Mosteiro estão: o Convento das Irmãs
Concepcionistas (claustro), o túmulo do Frei Galvão na Capela Frei Galvão, o
Memorial Frei Galvão, sala da distribuição de pílulas, Barraca das Irmãs, Museu
de Arte Sacra de São Paulo e a exposição permanente de presépios na antiga Casa
do Capelão. Em 1943 o Complexo foi tombado pelo IPHAN e em 1977 pelo
CONDEPHAAT.
Assim que
entramos no Complexo do Mosteiro da Luz registramos nossa passagem no último
pórtico da rota completando os 818 km e finalizando oficialmente a nossa jornada,
mas já que estávamos lá, não poderíamos deixar de visitar o Museu da Arte Sacra
e ver algumas das dezoito mil peças em exposição: joias, pinturas, mobiliários,
livros e indumentárias sacras. Visitamos também a Capela do Frei Galvão e o Museu
dos Presépios, esse último abriga 190 conjuntos presepistas originários de
diversos países e regiões do Brasil produzidos com técnicas diferentes. Ele
mostra um Presépio Napolitano com aproximadamente mil e quinhentas peças. Esse
é simplesmente o presépio mais rico em detalhes que já vi até hoje!
Oficialmente a
rota terminou no Mosteiro da Luz, mas o nosso dia ainda estava longe de
terminar. Faltava o Gran Finale!
Era costume ao
final de cada etapa comemorar bebendo e comendo em algum lugar na cidade do
trecho finalizado, dessa vez, resolvemos finalizar com um churrasco com todos os
que participaram da caminhada e com nossas famílias.
Foram mais
algumas horas de descontração regadas a muita risada (marca registrada deste
grupo em toda rota).
Faltam palavras
para agradecer a todos que participaram deste projeto. Não há preço que pague
as aventuras que tivemos durante esses dois anos de idas e vindas a cada
cidade.
Há! Já estava
me esquecendo. Em algum momento da Rota surgiu o inesquecível jargão: “Se não for para fazer direito eu não
faço!”, esse jargão sempre foi lembrado quando faltavam informações
necessárias sobre o caminho a seguir.
Andamos e rimos
muito! Vale ressaltar ainda que o entrosamento do grupo até o final foi
fantástico! Tudo correu perfeitamente bem. Somos um time e tanto!
Na quinta Rota
do programa, Rota Sabedoria, foram percorridos ao todo 222 km de caminhada e
mais 51 km de trem entre Mogi das Cruzes e São Paulo, conforme o cronograma.
Pois é turma! A Rota Franciscana
- Frei Galvão terminou!
Agora nos resta estudar novas
rotas e trajetos. Muitas aventuras estão esperando por nós, dentro e fora do
nosso Estado.
Até a próxima!
Caminhantes: Andreia Carral,
Argeu, Alexandre, Cláudio Fonseca, Cris, Jane, Marilice Carral, Marco
Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Osmar Macias, Rafael, Rosangela e
Wilma. (todos os que participaram pelo menos em um trecho)
Motoristas de Apoio: Seu Carlos,
Mônica Gavarron e Omar.
E a inesquecível participação
especial do enigmático Sydão Vodskowisk que até o final da caminhada não quis
aparecer em nenhuma foto com o grupo. Te aguardamos na próxima amigo!
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