Dia 30, partimos para as bandas
de Minas Gerais e para mais uma etapa do caminho da Fé.
Retornamos ao Bairro Taguá e
seguimos em direção à Crisólia - Distrito de Ouro Fino.
Crisólia é muito parecida com uma
vilazinha do interior. Tem uma praça com uma Igreja Matriz e algumas ruas em torno
dela. O povo local é bem simpático e receptivo com os caminhantes.
Paramos no Bar da Zeti para carimbar
nossos passaportes e tomar algo gelado para refrescar a garganta e garantir
alguma energia para o corpo, já que o dia estava muito quente e o sol estava
judiando da gente.
Depois dessa pequena pausa seguimos
rumo a Ouro Fino.
“Ouro fino – A Terra do Menino da Porteira - Teve sua origem em 1746
com a chegada dos Bandeirantes à região do Vale do Sapucaí em busca de ouro. O
Guarda-Mor Francisco Martins Lustosa fundou o arraial de Ouro Fino e construiu
a Capela de São Francisco de Paula em 1749. Até 1799 Ouro Fino foi jurisdição
da Vila de São João Del Rey e depois passou a ser da Vila de Campanha. Em 1831
Ouro Fino se tornou Distrito do município de Pouso Alegre. Em 1868 foi elevado
à condição de Vila e só em 1880 foi elevada à categoria de cidade. Apesar de
sua origem girar em torno da busca pelo ouro em meados do século XVIII, o
grande salto econômico foi no século XX com a cafeicultura. Hoje a cidade
explora o setor turístico histórico, cultural e rural. Ouro fino também faz
parte do grupo de cidades que integram o circuito das malhas.”
Saindo de Crisólia pela estrada
de terra passamos por algumas fazendas cercadas de montanhas por todos os
lados. Chegando ao final da estrada o caminhante é recebido pelo gigantesco
Monumento do Menino da Porteira. É quase impossível não cantar a famosa música
interpretada por Sérgio Reis: “Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro
Fino...”.
Paramos para registrar nossa
passagem com algumas fotos e tomar um caldo de cana bem gelado preparado na
hora com direito ao “chorinho” que era quase outro copo de meio litro cheio.
Ao lado do Monumento está a
Secretaria de Turismo da cidade, mas para variar estava fechada.
Seguimos em frente rumo à Igreja
Matriz, mas um pouco antes dela paramos para carimbar nossos passaportes mais
uma vez. No caminho ainda passamos por alguns prédios históricos como o Pavilhão
do Circuito das Malhas, a Casa Café com Leite onde se deu o “Acordo do Café com
Leite” ou “Pacto de Ouro Fino” em 1913, quando o Presidente de Minas Gerais,
Sr. Júlio Bueno Brandão, e o representante de São Paulo, Sr. Cincinato Braga,
decidiram a política do revezamento na Presidência da República do Brasil entre
candidatos dos dois Estados. Passamos ainda pela casa onde morou o
ex-presidente de Minas e Senador Júlio Bueno Brandão construída em 1917, pela
Escola Estadual Coronel Paiva construída em 1907, pela praça com a centenária
Magnólia e também pela Escola Estadual Bueno Brandão construída em 1912 que continua
em pleno funcionamento desde a sua inauguração, ambas tombadas pelo patrimônio
histórico da cidade. Enfim, chegamos à Praça da Igreja Matriz.
A Igreja de São Francisco de
Paula é uma das mais antigas de Minas Gerais. Sua construção teve início em
1927 substituindo a rústica capela erguida em homenagem a São Francisco de
Paula por volta de 1749. A Igreja atual apresenta uma mescla de estilos de
arquitetura religiosa com predominância do estilo românico e alguns elementos
do gótico francês. A igreja ainda abriga em seu interior o único Museu Sacro do
Sul de Minas com mais de 100 peças (imagens, paramentos, mobiliários, documentos,
quartos e fotos), mas infelizmente estava fechado. Vale dizer que essa igreja é
linda e imponente. Ela é toda decorada com lindos vitrais e pinturas sacras nas
paredes laterais e no teto.
Depois de uma pequena pausa para
o descanso merecido no silêncio gostoso da igreja, seguimos o caminho em
direção à cidade de Inconfidentes.
De Ouro Fino até Inconfidentes são
aproximadamente nove quilômetros de caminhada por uma estradinha tranquila de
terra batida que liga os dois municípios, mas sem muitas sombras no caminho
aumentando um pouco a dificuldade para o caminhante, já que o sol não dava
trégua em nenhum momento.
Subimos e descemos algumas vezes
passando por mais algumas entradas de fazendas e sítios sempre acompanhados pelo
mesmo visual recheado de tons verde criando uma ilusão de movimento com tantas
ondulações e contornos montanhosos (ou já era o sol fazendo efeito?).
Por fim chegamos a Inconfidentes,
registramos nossa passagem carimbando mais uma vez os passaportes e paramos na
Igreja São Geraldo Majela.
A igreja é muito bonita e simples
ao mesmo tempo. Ela tem poucas pinturas e imagens, mas é muito bem preservada e
aconchegante.
Andamos pela avenida central da cidade,
mas tudo estava fechado. Até o Bar do Maurão onde se carimba o passaporte estava
fechado. Vale dizer que essa avenida tem um charmoso canteiro central com várias
árvores enfeitadas com bordados envolvendo seus troncos como se fossem mantas
coloridas trazendo um toque especial aos olhos dos visitantes.
“Inconfidentes é uma pequena cidade com aproximadamente sete mil
habitantes. Fundada por Bandeirantes às margens do Rio Mogi Guaçú com o nome original
de Mogi Acima (toda essa área pertencia ao município de Ouro Fino). Entre 1908
e 1909 o presidente de Minas Gerais Júlio Bueno Brandão criou na região a
Colônia Agrícola de Estrangeiros. Através do Serviço do Povoamento as terras
foram distribuídas aos colonos que eram em sua maioria italianos, espanhóis,
portugueses, russos, estonianos, franceses, entre outros. A Colônia Agrícola
tomou o nome de Núcleo Colonial Inconfidentes numa homenagem a Minas Gerais em
alusão aos heróis da Inconfidência Mineira, como Tiradentes e Alvarenga Peixoto
(este último foi proprietário de uma fazenda no Município de Ouro Fino). Em
1953 o Núcleo Colonial foi elevado a Distrito de Paz. Em 1962 tornou-se
município desmembrando-se de Ouro Fino.”
Encerramos nossa caminhada
sentados debaixo de uma das árvores com os troncos bordados depois de 26 quilômetros
percorridos. Bem próximo dali, achamos uma lanchonete ainda aberta para nossa
tradicional despedida refrescando a garganta.
Até a próxima etapa!
Caminhantes: Adriana e Argeu Alamino, Cláudia Melo, Cris Senkiw, Marco
Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Marilice R. Carral, Wilma Custódio e
Seu Carlos Tsuda.