Dia 9, voltamos a Andradas - MG para mais um
trecho do Caminho da Fé.
“A
origem de Andradas, segundo registros históricos, foi 1792 quando dois
fazendeiros se estabeleceram na região depois de atravessarem o Rio das Antas e
construírem suas moradias às margens do córrego do Cipó. O primeiro povoado foi
chamado de Samambaia. Em 1848 os moradores decidiram erguer uma capela dedicada
a São Sebastião. Em 1860, Samambaia foi elevada à categoria de Distrito de Paz
e passou a se chamar São Sebastião de Jaguary. Em 1866 transformou-se em
Freguesia. Em 1888 foi elevada à Vila do Caracol. Em 1892 foi inaugurada a
primeira Câmara Municipal e em 1925 a Vila Caracol foi elevada à categoria de
cidade, adotando o nome de Andradas em homenagem ao então governador de Minas
Gerais Sr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.”
Depois de encarar algumas horinhas de estrada,
paramos na Praça Dr. Alcides Mosconi (a principal da cidade), muito bem
estruturada e bem arborizada, com uma fonte luminosa, coreto, banheiros
públicos limpos, estacionamento e um bom comércio ao redor dela. Do lado de
cima da Praça está a Igreja Matriz de São Sebastião idealizada pelo Padre
Aristoteles A. Benati. O início da sua construção foi em 1914 e a conclusão
apenas em 1941. Ela está bem conservada e com lindas pinturas no teto e nas
paredes relatando passagens bíblicas, ajudando o fiel a encontrar um pouco de
paz longe do corre-corre diário. Assim que entramos na igreja, fomos
recepcionados pelo simpático Cônego Simão Cirineo que prontamente nos deu uma
benção especial para a caminhada e recebemos o primeiro carimbo do dia em nossos
passaportes.
Logo que saímos da igreja, seguimos as
tradicionais setas amarelas e em pouco tempo deixamos o centro de Andradas para
trás. A poucos quilômetros da cidade paramos na Vinícola Casa Geraldo, uma das
fazendas tradicionais de Andradas na produção de vinhos e cachaça.
A Casa Geraldo é a pioneira na produção de uvas
da espécie Vitis vinifera, sendo a
maior produtora de uvas da região e uma das maiores do estado de Minas.
Tornou-se referência na região no âmbito turístico realizando visitas guiadas
aos parreirais e nas instalações da vinícola. A Casa dispõe de um auditório
onde o visitante pode conhecer um pouco da sua história, um pequeno bar, um restaurante
preparado para realização de festas e onde em algumas ocasiões especiais são
realizadas noites temáticas com muita comida e músicas típicas, como: a Festa
do Espumante, Noite Italiana, Hola Espanha, entre outras. O local ainda oferece
uma sala de degustação onde são ministrados cursos e uma adega sensacional.
Durante a nossa visita à fazenda, percorremos a
linha de produção e engarrafamento dos vinhos espumantes e passamos por um
túnel que parecia uma entrada medieval onde são estocados os melhores e
premiados vinhos da vinícola. Claro que durante todo o trajeto estava liberada
a degustação.
Depois desse momento de aprendizado, voltamos à
rota original. Ainda bem que ninguém saiu trançando as pernas pelo caminho. Né
pessoal?
Esse trecho da rota é considerado difícil por passar
pela Serra dos Lima e por Barra, já na divisa com a cidade de Ouro Fino.
Foi uma caminhada forte com subidas e descidas
quase intermináveis para depois ter mais subida de novo. O esforço exigido para
vencer as ladeiras era recompensado pelas paisagens que nos cercavam. Altas montanhas
rochosas, picos altos cercados de muito verde, um rio aqui outro ali cortando
os vales e fazendas.
Nossa segunda parada foi na pousada da Dona
Natalina para mais uma carimbada no passaporte. A Dona Natalina é uma senhora simpática
que nos atendeu com a alegria característica que só o povo mineiro tem.
Depois de mais um carimbo, seguimos em frente
subindo a estrada em direção ao próximo ponto de registro.
Vale lembrar que o tempo estava fechado anunciando
que cairia uma chuva daquelas a qualquer momento e se isso acontecesse nossos
carros de apoio poderiam ficar presos no meio do nada, sem muita expectativa de
resgate, então sem perder muito tempo, aceleramos nosso passo até chegar à Pousada
Bar do João para carimbar nosso passaporte pela terceira e última vez no dia,
mas não foi o ponto final da caminhada.
Conversando com os moradores locais descobrimos
que aquele trecho foi alagado pelas fortes chuvas que caíram na semana anterior
a nossa passagem e que os carros de apoio não teriam condições de subir a
estrada da serra que dividia o vale. Por sugestão deles nossos carros deram a
volta na serra para aguardar os caminhantes do outro lado já no bairro de Taguá,
mas para os caminhantes restava encarar a subida da tal estradinha. Eita subida
danada de puxada! Quando se pensava que tinha acabado, ela fazia uma curva e
subia mais ainda.
Durante a subida fomos confirmando que as informações
dos moradores não eram exageradas. Tinha muito barro, pedras soltas, buracos de
erosão e até alguns galhos caídos. Perto do final da serra encontramos uma pequena
e bem vinda cachoeira, mas resolvemos não entrar, pois a água estava barrenta e
ainda tinha muito chão pela frente.
Após a cachoeira subimos mais um trecho de serra
até atingir o ponto mais alto desse percurso. Para nossa sorte havia uma
lanchonete aberta lá no alto. Paramos por uns minutos para recuperar o ar e as
forças nas pernas e começamos a descida para o bairro de Taguá.
Aquela descida parecia não ter fim. Do alto da
serra dava para ver ao fundo uma vila que provavelmente é o Distrito de Crisólia,
mas só vamos confirmar na próxima etapa.
De Andradas até o bairro de Taguá foram 31 quilômetros
percorridos.
Como sempre, rimos muito (acho que dessa vez um
pouco mais por causa do vinho lá do começo).
Agora é só aguardar pelas histórias da próxima
etapa.
Caminhantes: Adriana e Argeu Alamino, Cris
Senkiw, Jane Ribeiro, Marco Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda, Marilice
R. Carral, Val Martini, Wilma Custódio e Seu Carlos Tsuda.
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