Após terminarmos a Rota
Franciscana, nosso grupo ficou alguns meses parado sem nenhuma caminhada
programada à espera do lançamento da Rota dos Bandeirantes prometida pela
Secretaria de Turismo de São Paulo, mas infelizmente, até esse momento isso não
aconteceu.
Por sorte ficamos sabendo da Rota
Caminho da Fé, inspirada no milenar Caminho de Compostela na Espanha.
Um grupo de amigos de Águas da
Prata, interior de São Paulo que percorreu o Caminho de Compostela teve a ideia
de projetar algo semelhante aqui no Brasil com destino ao Santuário Nacional de
Aparecida. Usaram um simples mapa para traçar um caminho que ligasse Águas da
Prata até a cidade de Aparecida.
Em 2003 foi fundada a Associação
dos Amigos do Caminho da Fé com sede em Águas da Prata com a finalidade de auxiliar
o caminhante peregrino ao longo da rota. Hoje são 497 km envolvendo várias
cidades do interior paulista e mineiro dos quais aproximadamente 300 km são
percorridos pela Serra da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e
trechos asfaltados. O trajeto foi planejado para que os caminhantes ou
peregrinos tivessem momentos de reflexão e fé e desenvolvessem resistência
física e mental aproveitando o contato com a natureza. O caminho todo é sinalizado
com setas amarelas pintadas em postes, porteiras, cercas e placas.
Com essas informações em mãos,
reunimos nosso grupo novamente e seguimos para Águas da Prata para fazer nossas
credenciais e darmos início a mais uma aventura de longas caminhadas. Apesar de
ser uma rota típica de peregrinação religiosa, nosso grupo percorrerá o caminho
com a intenção de conhecer um pouco da cultura, história e pontos turísticos de
cada cidade envolvida no programa aproveitando ao máximo o que cada uma tem de
melhor para o turista, peregrino e caminhante. Mas, com certeza será feita com
muita reflexão e bons momentos para autoconhecimento.
O Sol não tinha mostrado sua cara
ainda e já estávamos reunidos no “SPA da
Val” às 5:00 da manhã para um delicioso café da manhã preparado por ela com
muito carinho. Valeu Val! Não temos palavras para agradecer sua bondade e
dedicação com os amigos.
Após nosso café encaramos
aproximadamente três horas de estrada até a sede da Associação do Caminho da Fé.
“Águas da Prata é um dos 11 municípios paulistas considerados estância
hidromineral. O município deve sua existência à grande quantidade de sais
minerais encontrada em suas águas sendo que a origem no nome vem do
tupi-guarani: Pay tâ, que significa
“água dependurada”, em virtude da
alta concentração de minérios que ao escorrer formam estalactites. Pay Tâ ao
ser pronunciado pelos portugueses tornou-se Prata. A região ganhou mais
destaque por causa da pesquisa do dentista explorador Dr. Rufino Gavião que constatou
através de análises as múltiplas propriedades medicinais naquelas águas. A
divulgação da sua pesquisa se propagou dando início a construção de algumas
casas às margens da ferrovia e também de um hotel e algumas pensões. Em 1876
foi instalada a primeira engarrafadora de água no bairro de São João da Boa
Vista. Passou a Distrito em 1926 com denominação de estância hidromineral e foi
emancipada em 1935”.
Fizemos nosso cadastro, pegamos
nossas credencias e partimos para conhecer um pouco da cidade antes de
seguirmos o caminho.
Passamos em frente à Gruta de
Nossa Senhora de Lourdes, em seguida na Igreja Matriz com o mesmo nome. Depois
da igreja, atravessamos a linha férrea e entramos na Estação Ferroviária de
Águas da Prata, por sinal muito bem conservada, diferente de algumas estações
completamente abandonadas que encontramos ao longo da Rota Franciscana.
Essa caminhada não poderia começar
diferente das outras, com subida é claro. O caminho já começa subindo por uma
estrada bem inclinada deixando claro que não seria nada fácil encarar aquele
trajeto.
Poucos quilômetros de caminhada e
paramos no Armazém São Miguel. Um lugar charmoso e bem agradável. O armazém só vende
produtos orgânicos produzidos por eles. Dentro da propriedade há um bosque bem
cuidado e uma cachoeira no quintal conhecida como Cachoeira do Gavião Vermelho onde
o turista pode passar algumas horas se deliciando nas águas geladas, mas para
isso tem que pagar uma taxa de conservação aos proprietários. Pena que era só o
início da nossa caminhada, caso contrário não perderíamos a oportunidade de
tomar um bom banho nas famosas águas medicinais.
Seguindo as setas amarelas no
caminho passamos por uma igrejinha no meio do nada que apesar de parecer
abandonada tinha todos os vidros intactos. Um pouco mais à frente chegamos à
Cachoeira da Ponte de Pedra. Parada obrigatória.
Essa cachoeira é bem
interessante, aparentemente é uma simples pedra caída sobre o rio que faz a
ligação de um lado ao outro criando uma ponte natural, mas com uma olhada mais
atenta dá para ver uma pequena obra de contenção na lateral impedindo que a
mesma role caso a correnteza do rio aumente muito. Posso dizer que isso não
tira em nada a beleza do lugar que ainda tem seu encanto aumentado com os voos rasantes
de inúmeras borboletas por toda parte.
Depois de uma pequena pausa para
o descanso merecido, seguimos em frente até a entrada da estrada que leva ao
Pico do Gavião.
Nesse ponto decidimos dar uma
escapada da rota para conhecer um dos picos mais altos da região, então
entramos nos carros de apoio e lá fomos nós.
A subida é bem puxada até mesmo
para os carros, mas compensou ter saído do caminho. Do alto do Pico do Gavião
se vê um belo vale verde de várias tonalidades cheio de montanhas menores e as
cidades de São João da Boa Vista, Águas da Prata, Poços de Caldas e Andradas
quase sumindo no horizonte. O Pico é um marco natural de divisa entre os
Estados de São Paulo e Minas Gerais. A visão lá do alto é simplesmente
magnífica para dizer o mínimo. O lugar é bem cuidado e arrumado. Recomendo para
quem estiver passando por lá que se dê o direito de uma escapadinha. Você não
vai se arrepender!
Voltamos à rota original e alguns
quilômetros à frente paramos no segundo ponto para carimbar a credencial na
Pousada Pico do Gavião. Fomos bem recebidos pelos proprietários. O lugar é bem
cuidado e planejado, tem uma piscina bem convidativa para o final de um dia
inteiro de caminhada ou simplesmente para passar algumas horas descansando
contemplando a paisagem montanhosa ao redor.
Desse ponto até o centro de
Andradas foi só descida. Depois de subir tanto o caminho todo, encarar aquela
estrada descendo foi doloroso para as juntas e pernas cansadas.
Por fim chegamos a Andradas, a primeira
cidade mineira do caminho.
Paramos na Praça da Igreja Matriz
de São Sebastião, carimbamos a credencial no Palace Hotel perto dali e
encerramos a caminhada em uma hamburgueria comendo os tradicionais lanches
gigantes do interior.
Caminhantes: Adriana e Argeu Alamino,
Cláudia Melo, Cris Senkiw, Jane Ribeiro, Marco Lasinskais, Marcos Roberto,
Marcos Tsuda, Marilice R. Carral, Wilma Custódio e Seu Carlos Tsuda.
Até a próxima etapa!
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