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04 fevereiro 2017

1ª Etapa Passos dos Jesuítas – Anchieta – 2ª Edição

Há cinco anos terminamos o primeiro projeto das grandes rotas pelas cidades do Estado de São Paulo e do interiorzão do Brasil. Depois desse longo período resolvemos refazer essa rota com velhos e novos amigos aventureiros dispostos a conhecer alguns segredos e as histórias desses locais.

Essa rota em questão tem pouco mais de 370 quilômetros entre as cidades de Peruíbe no litoral sul e Ubatuba no litoral norte do nosso Estado. Esse trajeto é recheado de vida, história, monumentos, belezas naturais e riquezas arquitetônicas. É só ter olhos atentos e ouvidos afinados para não perder nenhuma parte. Ah! E muita disposição para caminhar é claro!

Então vamos ao que interessa e falar um pouco sobre o que é a Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.



Em setembro de 2011 o Governo do Estado de São Paulo lançou em Peruíbe um trajeto nas características do conhecido Caminho de Santiago de Compostela na Espanha, com o objetivo de atrair mais turistas e peregrinos para as cidades do Litoral Sul e Norte de São Paulo. As cidades participantes são: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e finalmente Ubatuba, sem contar com o trajeto alternativo entre Cubatão e Santos.


A ideia do percurso é seguir as placas de sinalização e orientação ao longo do caminho informando os principais pontos turísticos e religiosos, mas infelizmente não vimos nenhuma placa no primeiro dia de caminhada. Quando fiz a primeira vez em 2011 o caminho era bem sinalizado com as placas, ainda bem que tenho algumas referências na memória sobre os pontos turísticos e o trajeto, assim o pessoal que ainda não fez esse percurso não vai ficar sem orientação. É lamentável ver um projeto como esse completamente abandonado com tanto dinheiro público investido pelo Governo com a parceria das Prefeituras. Faltam incentivos, divulgação e vontade pública e política para manter projetos assim funcionando. Depois falam que o brasileiro não tem cultura, mas como justificar o desprezo dos governos em preservar a própria história do país?



A rota “Passos dos Jesuítas – Anchieta” além de tentar resgatar um pouco da história do Padre José de Anchieta¹, conta também um pouco sobre as construções e peregrinações no início do descobrimento do Brasil.

Voltando para o início da nossa caminhada.

Logo que chegamos a Peruíbe², paramos na antiga Estação Ferroviária de Peruíbe, hoje abriga o Museu de Arqueologia da cidade, mas por causa do horário da nossa chegada ele ainda estava fechado. Da Estação descemos até o Mercado do Peixe, ponto inicial da rota para registrar nossa passagem no pórtico inicial da rota.

Para nossa surpresa (decepção), o Monumento ao Pescador que ficava em frente ao Mercado do Peixe já não existe mais, só a estrutura que o sustentava ainda resiste ao abandono, uma verdadeira pena constatar que mais um monumento da cidade deixou de existir.



Seguindo em frente, passamos pelo Lamário³ e pelo Aquário da cidade e senti outra agulhada de tristeza ao constatar que o esqueleto de uma baleia gigante que ficava bem em frente ao Aquário foi retirado e algumas partes dele estavam postos ao lado da entrada. Aquele esqueleto era um chamariz e aguçava a curiosidade de crianças e adultos, mas não existe mais.

Mas nem tudo está perdido ou tão desesperador assim, as praias, no entanto, estavam bem cuidadas e por boa parte da nossa caminhada foi pelo calçadão muito bem preservado, alguns trechos precisando de pequenos reparos, nada mais que isso.



Descemos do calçadão para a areia e seguimos em direção a mais um monumento histórico da cidade, as Ruínas de Abarebebê4. Essas são ruínas da antiga Igreja de São João Batista, ela fazia parte do único aldeamento5 do litoral paulista. A Igreja, hoje em ruínas e seu entorno constituem um sítio arqueológico protegido por lei, sendo patrimônio da União. Infelizmente, esse grande sítio arqueológico encontra-se totalmente abandonado, o pequeno museu dentro do sítio está totalmente destruído e até as placas que contavam a história das ruínas estão enferrujadas e sem qualquer indicio de preservação, por sorte as paredes ainda não estão pichadas ou vandalizadas, mas já indícios de fogueiras no entorno do monumento. Uma verdadeira pena ver como a história no Brasil é tão desprezada e é deixada de lado.



Voltamos para orla da praia e seguimos até a divisa entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém6 por um trecho de praia deserta. Após percorrer esse longo trecho fizemos uma pausa para um merecido descanso com direito a banho de chuva e mar para alguns caminhantes.

Seguindo em frente rumo ao segundo pórtico que deveria ser em frente à Base da Guarda Municipal de Itanhaém. Deveria, mas quando chegamos à Base, só encontramos a fundação de concreto onde existia o pórtico. Fizemos uma pequena reverência ao falecido pórtico e seguimos até as imediações do Pocinho do Anchieta para encerrar nossa primeira etapa dessa reedição da Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.



Ainda não sabemos quais e quantas surpresas essa rota nos reservam, mas independente das decepções com a manutenção dos monumentos e parte da história, a caminhada é cheia de vida e belas paisagens que fazem valer a pena fazer ou refazer esse roteiro muita vontade, principalmente quando estamos bem acompanhados e cercados de amigos que sabem curtir, apreciar e aproveitar tudo que a vida nos apresenta com muito bom humor e cumplicidade.

Valeu galera!

Até o próximo trecho!

¹ “Padre José de Anchieta: - nasceu em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de Tenerife um Arquipélago das Canárias na Espanha em 19 de março de 1534. Desembarcou em Salvador/BA em 13 de julho de 1553 e viveu por aqui por 44 anos. Chegou à Capitania de São Vicente em 24 de dezembro de 1554, região que viveu e amou profundamente. Era catequista, teatrólogo, poeta e enfermeiro. Foi chamado de “Homem Santo” e “O Apóstolo do Brasil”. Faleceu em 09 de junho de 1597 em Reritiba, povoação fundada por ele, hoje Cidade de Anchieta no Espírito Santo”.
² Peruíbe – segundo vocabulário indígena significa “rio dos tubarões” nos termos Tupis – Iperu = tubarão, ‘y = rio e pe = em
³ O Lamário – Projeto Lama Negra de Peruíbe – Complexo Thermal da Lama Negra de Peruíbe. A lama negra (argila crenológica) foi criada pela ação vulcânica e formou-se através da fusão com a água do mar, matérias orgânicas e inorgânicas resultantes de processos geológicos e biológicos. A lama escura com forte odor de enxofre é indicada para: artropatia crônica degenerativa, artrite reumatoide, gota, reumatismo não articular, fribromiosite, mialgias, nevrites, afecções vasculares periféricas, dermatites, caspa, seborreia do couro cabeludo, acnes, manchas de pele, rugas, celulites, entre outras.
4  Significado da palavra Abarebebê em tupi-guarani: “Padre que anda ligeiro, rápido”.
5 O aldeamento era um local com agrupamento de indígenas reunidos por oficiais da Coroa ou por missionários. A data da formação é incerta.
6 Itanhaém – Há duas versões para o significado do nome ele vem da origem Tupi = itá-nha': uma diz: uma pedra que canta e a outra: pranto de pedra ou pedra que chora.


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