Há cinco anos terminamos o
primeiro projeto das grandes rotas pelas cidades do Estado de São Paulo e do interiorzão do Brasil. Depois desse
longo período resolvemos refazer essa rota com velhos e novos amigos aventureiros
dispostos a conhecer alguns segredos e as histórias desses locais.
Então vamos ao que interessa e falar
um pouco sobre o que é a Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.
Em setembro de 2011 o Governo do Estado de São Paulo lançou em Peruíbe
um trajeto nas características do conhecido Caminho de Santiago de Compostela
na Espanha, com o objetivo de atrair mais turistas e peregrinos para as cidades
do Litoral Sul e Norte de São Paulo. As cidades participantes são: Peruíbe,
Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Bertioga, São
Sebastião, Ilha Bela, Caraguatatuba e finalmente Ubatuba, sem contar com o
trajeto alternativo entre Cubatão e Santos.
A rota “Passos dos Jesuítas –
Anchieta” além de tentar resgatar um pouco da história do Padre José de
Anchieta¹, conta também um pouco sobre as construções e peregrinações no início
do descobrimento do Brasil.
Voltando para o
início da nossa caminhada.
Logo que chegamos a
Peruíbe², paramos na antiga Estação Ferroviária de Peruíbe, hoje abriga
o Museu de Arqueologia da cidade, mas por causa do horário da nossa chegada ele
ainda estava fechado. Da Estação descemos até o Mercado do Peixe, ponto inicial
da rota para registrar nossa passagem no pórtico inicial da rota.
Para nossa surpresa
(decepção), o Monumento ao Pescador que ficava em frente ao Mercado do Peixe já
não existe mais, só a estrutura que o sustentava ainda resiste ao abandono, uma
verdadeira pena constatar que mais um monumento da cidade deixou de existir.
Seguindo em frente,
passamos pelo Lamário³ e pelo Aquário da cidade e senti outra agulhada de
tristeza ao constatar que o esqueleto de uma baleia gigante que ficava bem em
frente ao Aquário foi retirado e algumas partes dele estavam postos ao lado da
entrada. Aquele esqueleto era um chamariz e aguçava a curiosidade de crianças e
adultos, mas não existe mais.
Mas nem tudo está
perdido ou tão desesperador assim, as praias, no entanto, estavam bem cuidadas e por boa
parte da nossa caminhada foi pelo calçadão muito bem preservado, alguns trechos
precisando de pequenos reparos, nada mais que isso.
Descemos do
calçadão para a areia e seguimos em direção a mais um monumento histórico da
cidade, as Ruínas de Abarebebê4. Essas são ruínas da antiga
Igreja de São João Batista, ela fazia parte do único aldeamento5
do litoral paulista. A Igreja, hoje em ruínas e seu entorno constituem um
sítio arqueológico protegido por lei, sendo patrimônio da União. Infelizmente,
esse grande sítio arqueológico encontra-se totalmente abandonado, o pequeno
museu dentro do sítio está totalmente destruído e até as placas que contavam a
história das ruínas estão enferrujadas e sem qualquer indicio de preservação,
por sorte as paredes ainda não estão pichadas ou vandalizadas, mas já indícios
de fogueiras no entorno do monumento. Uma verdadeira pena ver como a história
no Brasil é tão desprezada e é deixada de lado.
Voltamos para orla
da praia e seguimos até a divisa entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém6
por um trecho de praia deserta. Após percorrer esse longo trecho fizemos uma
pausa para um merecido descanso com direito a banho de chuva e mar para alguns
caminhantes.
Seguindo em frente
rumo ao segundo pórtico que deveria ser em frente à Base da Guarda Municipal de
Itanhaém. Deveria, mas quando chegamos à Base, só encontramos a fundação de
concreto onde existia o pórtico. Fizemos uma pequena reverência ao falecido
pórtico e seguimos até as imediações do Pocinho do Anchieta para encerrar
nossa primeira etapa dessa reedição da Rota Passos dos Jesuítas – Anchieta.
Ainda não sabemos
quais e quantas surpresas essa rota nos reservam, mas independente das
decepções com a manutenção dos monumentos e parte da história, a caminhada é
cheia de vida e belas paisagens que fazem valer a pena fazer ou refazer esse
roteiro muita vontade, principalmente quando estamos bem acompanhados e
cercados de amigos que sabem curtir, apreciar e aproveitar tudo que a vida nos apresenta
com muito bom humor e cumplicidade.
Valeu galera!
Até o próximo
trecho!
¹ “Padre José de Anchieta: - nasceu em San Cristóbal de La Laguna, Ilha de Tenerife um Arquipélago das Canárias na Espanha em 19 de março de 1534. Desembarcou em Salvador/BA em 13 de julho de 1553 e viveu por aqui por 44 anos. Chegou à Capitania de São Vicente em 24 de dezembro de 1554, região que viveu e amou profundamente. Era catequista, teatrólogo, poeta e enfermeiro. Foi chamado de “Homem Santo” e “O Apóstolo do Brasil”. Faleceu em 09 de junho de 1597 em Reritiba, povoação fundada por ele, hoje Cidade de Anchieta no Espírito Santo”.
² Peruíbe
– segundo vocabulário indígena significa “rio dos tubarões” nos termos Tupis –
Iperu = tubarão, ‘y = rio e pe = em
³ O
Lamário – Projeto Lama Negra de Peruíbe – Complexo Thermal da Lama Negra de
Peruíbe. A lama negra (argila crenológica) foi criada pela ação vulcânica e
formou-se através da fusão com a água do mar, matérias orgânicas e inorgânicas
resultantes de processos geológicos e biológicos. A lama escura com forte odor
de enxofre é indicada para: artropatia crônica degenerativa, artrite
reumatoide, gota, reumatismo não articular, fribromiosite, mialgias, nevrites,
afecções vasculares periféricas, dermatites, caspa, seborreia do couro
cabeludo, acnes, manchas de pele, rugas, celulites, entre outras.
4 Significado da palavra Abarebebê em
tupi-guarani: “Padre que anda ligeiro, rápido”.
5 O aldeamento era um local com agrupamento de
indígenas reunidos por oficiais da Coroa ou por missionários. A data da
formação é incerta.
6 Itanhaém
– Há duas versões para o significado do nome ele vem da origem Tupi = itá-nha'ẽ: uma diz:
uma pedra que canta e a outra: pranto de pedra ou pedra que chora.
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