Dia 04 de Março.
Depois de um pequeno descanso voltamos
ao Pocinho do Anchieta em Itanhaém onde finalizamos a caminhada na etapa
anterior e logo que chegamos ao local propriamente dito já tivemos as primeiras
(das muitas) belas paisagens que o dia tinha nos reservado.
Fizemos uma grande sessão de fotos
no Pocinho, um verdadeiro book completo.
Depois seguimos a trilha que sobe o Morro
Paranambuco¹. Do alto tivemos uma visão muito privilegiada de toda extensão
da orla de Itanhaém. Vale dizer que hoje o local é frequentado por turistas que
querem apreciar o mar por um ângulo diferenciado, mas antigamente no local
existiam competições de MotoCross, além ter abrigado um vilarejo de madeira
para trabalhadores. Atualmente o morro abriga um dos reservatórios de água da
cidade.
Demos a volta por cima do morro e
chegamos à Gruta Nossa Senhora de Lourdes e a Passarela suspensa que leva até a
Cama de Anchieta. Essa passarela é toda preparada para o turista conhecer um
pouco da história e vida do Padre José de Anchieta. Conta-se que ele costumava se
deitar sobre a pedra que tem o formato de cama para descansar, orar e meditar
ao som das ondas batendo nas pedras após longas caminhadas.
Percorremos a trilha de pedras
até acessarmos a Praia dos Sonhos. Na divisa entre as Praias do Sonho e dos Pescadores
está localizado o Monumento Mulheres de Areia, esse monumento foi construído em
1972 em homenagem a primeira versão da novela Mulheres de Areia gravada na
cidade pela extinta TV Tupi.
Em frente ao monumento está a
Ilha das Cabras. Essa ilha é tão próxima do continente que pode ser acessada a
pé quando a maré está baixa. Ela é formada por rochas a sua volta e pouca vegetação
no topo do morro. Um verdadeiro convite aos apreciadores de aventuras, o que sempre
é o nosso caso. Fizemos a volta completa na ilha e voltamos ao continente para
continuar nossa jornada.
Outra grata surpresa do dia foi a
Trilha do Sapucaitava. Localizada próximo ao Iate Clube de Itanhaém. Sem
dúvidas foi uma verdadeira descoberta conhecer essa trilha, pena que não a
exploramos descentemente, segundo relatos, no cume do morro existe um mirante
rústico com um nome bem sugestivo “Pedra que Espia²” para apreciar as praias ao
redor, no entanto, no final da trilha chegamos a Boca da Barra do Rio Itanhaém,
onde o rio abraça o mar. Sem dúvida um dos pontos altos do dia com direito a
banho coletivo na temperatura amena das águas do Rio Itanhaém.
Voltando à caminhada original. Atravessamos
o Rio Itanhaém pela ponte sobre o rio (alguns queriam atravessar a nado) para enfim
chegarmos ao Centro Histórico da cidade.
Paramos na Praça Narciso de
Andrade para registrar nossa passagem no segundo pórtico da rota. Bem em frente
do pórtico está a Igreja Matriz de Sant’Anna de 1639. No interior desta igreja
podemos viajar no tempo. Os altares da igreja são remanescentes da arte sacra
paulista, verdadeiras relíquias preservadas durante os séculos. Depois dessa breve
pausa, subimos ao Convento Nossa Senhora da Conceição bem ao lado da Matriz.
Esse convento em especial conta parte da história da cidade e também dos
primórdios do Brasil. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). O convento está localizado no alto do Morro do
Itaguaçu, é considerado uma das primeiras edificações da história do Brasil.
Fundada no mesmo ano da fundação de Conceição
de Itanhaém³ em 1532 por padres Jesuítas.
Depois de percorrer pela história
da fundação da cidade, ainda demos uma breve passada pela Casa de Câmara e
Cadeia, esse é outro prédio importante para o patrimônio histórico da cidade.
Ele tem suas origens no processo de colonização da antiga Vila de Nossa Senhora
de Conceição, antes mesmo da fundação da cidade a cadeia já existia. Em 1829 o
prédio foi reformado para abrigar a Casa de Câmara, sendo que no andar térreo funcionava
a Cadeia e no piso superior a Câmara Municipal. Hoje a Casa de Câmara e Cadeia
é um museu que conta parte da história da cidade e merece toda atenção. Considero um local obrigatório a ser visitado com tempo necessário para ler as
cartas de Benedito Calixto entre outros documentos de personalidades que compõem
a história da cidade e do Brasil.
Retornamos a orla da praia e
caminhamos rumo à divisa de Itanhaém com Mongaguá4.
Esse trecho foi uma caminhada
dura de aproximadamente 10 km debaixo do sol forte, mas por fim, ultrapassamos
a divisa e chegamos ao nosso terceiro pórtico da rota e ponto final da nossa
caminhada deste dia em frente ao Píer de Mongaguá onde registramos nossa passagem.
Com certeza foi mais um dia memorável.
Todo esforço foi recompensado pelos atrativos que se apresentaram ao longo do
percurso, alguns inéditos até para quem já fez essa rota anteriormente, como: a
trilha do Sapucaitava, a volta completa pela Ilha das Cabras e banho de rio na
Boca da Barra do Rio Itanhaém, por exemplo.
Não tenho dúvidas que a próxima
etapa também estará cheia de boas surpresas, então bora lá descobrir o que virá?
Espero que todos tenham
aproveitado o mesmo que eu.
Até a próxima!
¹Paranambuco vem do Tupi-Guarani,
junção de para’nã (rio caudaloso) e pu’ka (rebentar, furar) o seu significado é
de “buraco no mar”, um termo que os índios usavam em relação aos navios que
furavam a barreira de recifes. – Paranambuco também da origem ao nome do Estado
de Pernambuco.
²Pedra que Espia – Nome dado ao
local pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo
relatos 120 homens foram enviados ao Sapucaitava onde passaram um ano e quatro
meses patrulhando a área e pesquisando um possível posto alemão instalado na
costa do litoral paulista. Os soldados passavam o dia e a noite espiando o mar com
binóculos do alto da pedra e por isso recebeu o nome “Pedra que Espia”. O mais
curioso é que mesmo não tendo sido confirmada a passagem do submarino por
Itanhaém, em 1943 a embarcação U-513 torpedeou em Iguape, o navio Tutóia que
transportava café de Paranaguá a Santos com 37 tripulantes. (fonte http://www2.itanhaem.sp.gov.br/turismo/morro-sapucaitava/).
³Conceição de Itanhaém – povoado que
deu origem a cidade de Itanhaém de 1532.
4Mongaguá – em Tupi
significa “Águas Pegajosa”, mas outros nomes também podem ser atribuídos: “Terra
dos Santos dos Milagres”, “Terra dos Padres” e “Rio Fantasma”.
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