Nada como começar o dia reunindo
a turma para fazer mais uma trilha. Posso dizer que essa trilha é uma das mais
bonitas do litoral norte paulista e tinha tudo para ser perfeito, mas algo
muito chato aconteceu e quebrou o clima logo cedo. As 6:00 da manhã dois amigos
de trilha foram surpreendidos por um arrastão realizado por três motoqueiros logo
que saíram da estação do metrô ao lado do nosso ponto de encontro. Ainda bem
que só levaram bens materiais, graças a Deus nada foi feito contra a
integridade física deles. Isso é no mínimo revoltante! Hoje não temos liberdade
ou segurança alguma, somos reféns de dois tipos de bandidos: os armados e os
que sentam atrás das mesas em plenários lavando as mãos como se não pudessem
fazer nada pelo povo. Vivo em um país lindo, mas tenho muita vergonha de ser
brasileiro.
Depois do susto e momentos de
revolta, juntamos o grupo no ônibus contratado e seguimos para a trilha.
Depois de algumas horas na
estrada, começamos nossa trilha seguindo para as Ruínas da Lagoinha. Uma
construção do século XIX conhecida como Solar do Capitão Romualdo e que era
sede da fazenda produtora de café e cana-de- açúcar. Foi construída com argila,
areia da praia com conchas, pedras e óleo de baleia. Foi uma das primeiras casas
que tinham janelas que abriam para fora mostrando os vidros, o que era muito raro
na época. Segundo a história, o Capitão Romualdo e sua esposa não tiveram
filhos, tinham muitos escravos e os tratavam com respeito. O casal tinha o hábito
de deixar seus escravos sentarem à mesa com eles durante as refeições. Com a
abolição da escravatura pela Lei Áurea os escravos não foram embora por
gratidão, mas após a morte do Capitão a sua esposa enlouqueceu e foi internada.
Como a fazenda não tinha herdeiros, caiu no esquecimento. Outra ruína que visitamos
foi a da primeira Fábrica de Vidros do Brasil. A Fábrica pertencia ao Capitão
Romualdo e sua intenção era produzir vidros e garrafas para sua cachaçaria e
abastecer a grande procura por vidros na região, mas foi impedido de construir
já que na época todas as garrafas e vidros vinham da Europa e a distribuição
era feita pela Coroa Portuguesa.
Após visitar as Ruínas, seguimos
para Praia da Lagoinha e iniciamos a trilha rumo à Praia Fortaleza. Pelo
caminho passamos pelas praias do Oeste, Peres, Bonete, Grande Bonete, Deserta,
do Cedro e finalizamos na praia Fortaleza. A maioria dessas praias não é muito
frequentada, algumas completamente desertas, o que é um ótimo convite para um
final de semana acampando por lá. O dia estava nublado, mas mesmo assim o
visual foi de encantar os olhos. Cada praia com suas características, uma com
pedras e rochas no caminho, outras com areia fofa exigindo um pouco mais das
pernas na sua travessia, outras quase escondidas na encosta da montanha. Ficamos
impressionados em ver algumas casas construídas no meio das montanhas e dá para
imaginar a mão-de-obra que foi trazer todo aquele material de construção para
um lugar sem nenhuma estrada ou rua, o único caminho era o mar.
Ao todo foram aproximadamente 13
km de caminhada do ponto de partida nas Ruínas até a Praia Fortaleza, subindo e
descendo as montanhas por trilhas e praias paradisíacas. Não faltaram mergulhos
ao longo do caminho. Não tinha como não aproveitar aquele mar convidando os
aventureiros.
Depois da chegada em Fortaleza
ainda conseguimos um prêmio extra, conversei com o nosso motorista que
gentilmente aceitou meu pedido de nos levar à Gruta que Chora na praia do
Lázaro, esse trecho não estava previsto e foi perfeito fechar a trilha na
gruta.
Posso dizer que foi um dia ímpar
com muitas emoções diferentes.
A galera sempre animada, já
pensando na próxima aventura.
Obrigado a todos pela
participação!
Até a próxima pessoal!
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