Depois de negociar
uma programação diferenciada para o grupo com o nosso amigo e Monitor Ambiental
Jorlei, seguimos para Eldorado, interior de São Paulo, em busca de mais uma
aventura.
Dessa vez
optamos em passar o fim de semana em um camping da região para facilitar o
acesso às trilhas.
Programamos duas
trilhas: no sábado a do Complexo Cavuvu e a da Luz, e no domingo a Trilha do
Rolado com cavernas preservadas e rústicas, bem diferente da Caverna do Diabo toda
preparada e estruturada para o turismo de contemplação.
Nossa aventura
começou cedo. De São Paulo a Eldorado são aproximadamente 300 quilômetros pela
Rodovia Régis Bittencourt, conhecida como a Rodovia da Morte. Para nossa
felicidade a viagem correu tranquilamente até o início da serra do cafezal onde
fomos obrigados a percorrer o trecho bem devagar por causa do excesso de
caminhões seguindo para o sul do Brasil. Só nesse trecho levamos mais de uma
hora para percorrer apenas 15 quilômetros de serra.
Por fim, chegamos ao
camping quase as duas da manhã para montar as barracas e preparar tudo para
trilha dali a poucas horas.
As seis já estávamos
em pé andando de um lado para outro esperando pelo café da manhã. Aproveitamos
para ver o nascer de um novo dia. Aos poucos a luz do sol foi iluminando e tomando
conta das margens do rio atrás do nosso camping criando a primeira de muitas belas
imagens que teríamos no decorrer do dia.
Após o café seguimos
ao encontro do guia para iniciar a aventura.
Infelizmente o Jorlei
teve um contratempo e não pôde nos acompanhar nas trilhas, mas não nos deixou
sozinhos. Ele convocou o seu irmão que carinhosamente apelidamos de JJ (Jorlei
Júnior) e o Monitor Ambiental Carlinhos. Como esses complexos não são muito
explorados e raramente visitados, nossos novos guias tiveram uma pequena
dificuldade para achar o caminho para o inicio das trilhas. O único que conhece
bem aquelas bandas é o Jorlei. Por isso, cada vez que o Monitor Carlinhos entrava
em uma estrada errada era uma aventura à parte. Entramos em alguns sítios,
passamos por pontes que não tinham nada a ver com o nosso caminho original, mas
tiramos de letra e rimos muito. Posso dizer que todos do grupo se divertiram
com as caretas que o Carlinhos fazia quando percebia que estava no caminho errado.
Não é atoa, aquelas estradas são muito parecidas, com rios e nascentes por
todos os lados. Com certeza isso colaborou para a confusão, o que é bem
compreensível em se tratando de trilhas novas.
Enfim, chegamos ao
primeiro complexo de cachoeiras, o Cavuvu. Pegamos a trilha margeando o rio e
logo que começamos a natureza se fez ser vista. Bem acomodada embaixo de uma
pedra quase dentro da água uma cobra jararaca descansava ou aguardava a
passagem do seu café da manhã. Como não somos parte dele, resolvemos não
incomoda-la, passamos com todo o cuidado ao lado dela. Deixamos a
"amiga" em paz e seguimos nosso caminho.
Passamos por pequenas
quedas d’água até chegar a uma cachoeira bem maior com aproximadamente 40 m de
altura e uma ducha gelada e muito refrescante. A diversão estava garantida,
uhuh!
Após tomar uma ducha
deliciosa subimos a encosta beirando a cachoeira tomando toda precaução
necessária para evitar uma queda. Vencida a encosta chegamos à outra cachoeira com
a mesma proporção de tamanho e tão linda quanto a anterior.
Descemos e
reagrupamos a turma para seguir ao outro complexo de cachoeiras.
A trilha do Complexo
da Luz é um pouco mais longa que a do Cavuvu e tem várias quedas de 3 a 6
metros de altura com pequenas piscinas naturais bem apropriadas e convidativas para
banhos deliciosos, mas nosso objetivo era chegar à cachoeira com mais de 70 m
de altura no final dessa trilha. Essa trilha é bem mais acidentada que a
anterior, mas não impediu nossa chegada ao pé da cachoeira.
Paramos na cachoeira
anterior à gigante de 70 m e aguardamos os monitores verificarem o caminho para
a subida até a grande queda. Confesso que me faltaram pernas para encarar
aquela última subida no paredão ao lado da cachoeira, mas quem subiu relatou a
grandiosidade da cachoeira. Segundo a Valéria, ela não deixa nada a desejar se
comparada à cachoeira do Meu Deus, também em Eldorado. (Tudo bem, eu vou voltar
lá mesmo!).
Depois de tantas
cachoeiras e belas paisagens voltamos para o camping após o anoitecer com uma
fome de leão. Ainda bem que o jantar já estava preparado!
Após a janta ainda
sobrou ânimo para algumas pessoas do grupo acender uma fogueira, assar uns marshmallows e admirar o céu estrelado.
Estrelas essas que foram sumindo com a chegada de algumas nuvens anunciando que
viria uma chuva daquelas.
A chuva chegou com
força no camping, trovões e relâmpagos iluminaram a noite, a ventania foi tão
forte que algumas pessoas pensaram que suas barracas seriam arrastadas pelo
vento. Uma das consequências da forte chuva foi saber na manhã seguinte que
algumas pessoas tiveram o privilégio de
ter uma cachoeira particular dentro da própria barraca, mas também teve quem nem
se quer viu ou ouviu a chuva no camping.
Logo que amanheceu,
juntamos a turma depois do café para uma pequena reunião de orientação sobre a trilha
que iríamos fazer.
O Jorlei nos
apresentou os Monitores Mauricio e Adilson que nos acompanhariam naquele
roteiro. Os dois são monitores experientes e conhecedores da região.
Partimos para o Parque
Estadual Caverna do Diabo. Nossa trilha começa dentro do parque subindo a Trilha
do Araçá. Logo no começo da trilha o Monitor Mauricio nos contou algumas
histórias bem populares na comunidade, uma delas é a do Soldado morto na região
após a Guerra do Paraguai. “Dizem que o soldado ainda anda por aquelas bandas.”
Seguindo em frente
passamos por mais algumas cobras que estavam caprichosamente tomando o sol da
manhã no meio da trilha para aquecer o corpo após a noite fria e chuvosa e
também por muitas outras pequenas cachoeiras até a entrada da primeira Caverna
do Rolado.
Essas cavernas
conforme já citado anteriormente, não possuem nenhuma benfeitoria como escadas,
corrimão, luzes artificiais, nada disso. São bem rústicas e preservadas. A
movimentação dentro delas requer algumas condições básicas para manter a segurança,
como lanternas, capacetes e cordas para passar de um lado para outro, além de
um pouco de flexibilidade e equilíbrio para pular de uma pedra a outra e não
ter nenhum receio de sujar as roupas sentando no chão molhado e andar com água
gelada até a altura dos joelhos.
Passar pelos
corredores rústicos e ver formas esculpidas pela ação da natureza ao longo de
milhões de anos é sem sombra de dúvidas uma experiência única e encantadora. A
cada curva novas figuras se desenhavam nas pedras diante de nossos olhos. Essas
cavernas são espetaculares e interessantes ao mesmo tempo. As suas formações
fazem a trilha valer cada escorregada e metro andado.
Depois de sairmos da Caverna
I, percorremos mais um trecho de trilha até a entrada da Caverna II. A formação
geológica é a mesma que a anterior, subimos e descemos por dentro dela. Em
alguns momentos ela ficava toda iluminada por causa de algumas claraboias
naturais e em outros era um breu total sem qualquer chance de andar ali dentro
sem uma lanterna para identificar o caminho a ser percorrido.
Na volta da trilha
ouvimos mais alguns causos contatos por Mauricio. Histórias verídicas do lobisomem e da bruxa que
viveram na região. Até aprendemos como se faz para identificar uma bruxa usando
uma armadilha com pinga de risco.
Descemos a trilha bem
acidentada até a entrada do Parque onde iniciamos o caminho.
Nos despedimos dos
monitores e seguimos para o camping para preparar nossa tralha e encarar a
estrada de volta a São Paulo.
Até aqui
tudo transcorreu de forma perfeita e harmoniosa, mas...
Quando
chegamos ao camping, fomos informados que um maluco havia entrado lá e roubado
duas mochilas. Chamamos a polícia que prontamente chegou ao camping. O maluco
era vizinho do camping e quando viu o carro da polícia o cara sumiu no mato.
Foi um bafafá daqueles.
Foi só a
policia ir embora que o fulano reapareceu. Os dois que tiveram suas mochilas
roubadas e mais alguns amigos do camping foram atrás do dito cujo. Conversa vai,
conversa vem e o cara negava ter roubado o nosso camping, mas ele não contava
com a voz da autoridade de um dos nossos amigos. Ele enquadrou o cara de tal
forma que não teve jeito e as mochilas reapareceram milagrosamente.
Fora
outras coisas hilárias que aconteceram no desenrolar desse episodio, mas prefiro
mantê-las no grupo. Não tem como não lembrar sem rir da gafe da Rosangela e da atitude
revoltosa da Sil (coberta de razão, é claro), mas fica no grupo. (estou rindo
até ficar velho)
Depois dessa
“aventura” paralela ser resolvida, pegamos a estrada de volta para casa, sem
incidentes e cheios de histórias para contar.
Jorlei! Obrigado pela
organização, agilidade e compromisso com tudo!
Em breve voltaremos a
Eldorado para novas aventuras. Essa foi boa demais!
Até a próxima!
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