Dia 24, juntamos a turma
novamente e seguimos para Luminosa, último trecho da caminhada em territórios
mineiros.
Paramos na Igreja de Nossa
Senhora das Candeias onde prontamente um dos zeladores a abriu para nos
apresentar suas dependências internas e contar um pouco da sua formação.
Segundo ele, o terreno foi cedido por um fazendeiro e toda a comunidade ajudou
na construção do templo. Blocos enormes de pedra foram trazidos de fora em
carros de boi para fazer o alicerce e toda estrutura e amarração da igreja foram
feitas com bambus cortados milimetricamente e revestidos com argamassa. Nela
não existem colunas de sustentação e de tempos em tempos são necessários alguns
reparos para mantê-la em pé. No interior da igreja percebe-se uma acústica bem
diferenciada das demais igrejas que já entramos, até uma simples conversa em
seu interior dá a impressão que toma forma de sons musicais criando um ambiente
acústico surpreendente e às vezes até incômodo para quem não está acostumado.
Saímos da igreja e seguimos as
setas amarelas para enfim chegarmos às famosas subidas que tanto foram faladas
por caminhantes e moradores nas etapas anteriores. Posso dizer que não foram
exagerados. Bota subida nisso!
Luminosa está a mais ou menos 800
m de altitude e no ponto mais alto desse trecho atingimos 1813 m de altitude. Sem
dúvidas é uma elevação bem considerável e exigiu um esforço inigualável para
transpor essa singela subidinha. Durante
a subida paramos na Pousada da Dona Inez no meio da serra para carimbar nosso
passaporte e tomar um cafezinho enquanto descansávamos um pouco. A vista em
frente à pousada era de tirar o fôlego de qualquer um. Lá do alto dava para ver
como Luminosa ficou pequena e quase coberta pelas montanhas que a cercam, mais
alguns metros e ela sumiria totalmente da nossa vista.
Depois dessa breve parada,
andamos mais alguns metros e para nossa surpresa encontramos uma pequena
cachoeira e a chamamos de “Cachoeira da Pousada Dona Inez”. Voltamos para a
caminhada e aí a coisa começou a ficar séria para os carros de apoio. Em uma
curva acentuada e íngreme um dos carros teve muita dificuldade para transpor o
pequeno trecho. Subimos mais algumas ladeiras intermináveis e novamente outro
trecho complicado para o carro de apoio, resultando na troca da logística
adotada. O carro retornou e seguiu direto para Campista por outro caminho bem
mais tranquilo, enquanto seguíamos em frente firmes e confiantes, bem devagar, passo
a passo por aquelas terras altas da Serra da Mantiqueira. Apesar do desgaste, fomos
agraciados por belas paisagens e vales encantadores, pelo menos isso compensava
todo esforço durante a caminhada.
A cada trecho superado o visual
era incrivelmente belo. Depois de chegarmos ao ponto mais alto da caminhada
voltamos a ter contato com estradas asfaltadas deixando temporariamente para
trás as estradas empoeiradas da Serra.
O caminho parecia ser mais fácil
no asfalto, mas o sol batendo forte na cuca e o mormaço quente subindo do
asfalto judiaram bastante. Então, tudo aquilo que subimos pelas estradas de
terra tivemos que descer pelo asfalto até chegarmos a Campista, divisa com
Campos do Jordão.
Campista é um Distrito de Campos
do Jordão, mas parte de suas terras também está ligada ao município mineiro de
Brazópolis. Esse distrito se parece com uma vilazinha do interior com poucas casas
e um comércio simples e localizado. Acredito que o forte dessa região seja a
extração de madeira pelo tamanho da madeireira que passamos logo na entrada do
distrito.
Paramos no único bar aberto no
caminho para reabastecer nossas forças em homenagem ao nosso dia mais penoso
com tantas subidas e descidas.
Agora restam menos de 90 km para
chegarmos ao nosso destino final.
Depois de alguns perrengues e de
testarmos nossos limites e vencê-los com louvor encerramos mais uma etapa da
caminhada.
Até a próxima pessoal!
Caminhantes: Argeu Alamino, Cláudio Siqueira, Cris Senkiw, Gilson, Noemi e GIovana
Lopes, Marco Lasinskais, Marcos Roberto, Marcos Tsuda e Seu Carlos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário