Dia 02 de setembro descemos
novamente até a baixada santista para mais uma etapa da rota. Dessa vez fizemos
o trecho alternativo que liga a cidade de Cubatão ao Centro Histórico de
Santos. Sem dúvidas foi o trecho com mais atrativos turísticos e culturais até
agora.
Nossa primeira parada foi na Praça
do Cruzeiro Quinhentista um monumento de 1922. Esse é mais um monumento
integrante do circuito histórico da Estrada Velha de Santos, apesar de estar
localizado fora do Parque Estadual Serra do Mar. A praça é uma referência entre
o caminho antigo que ligava o Porto de Cubatão ao Planalto de Piratininga (São
Paulo) construído no ponto de encontro do Caminho do Mar com o Caminho do Padre
José de Anchieta (hoje inexistente nesse trecho). A praça é toda azulejada com
os mesmos detalhes encontrados ao longo da Estrada Velha de Santos.
Após alguns metros de caminhada e
encontramos o Marco Zero de Cubatão. Se não prestar atenção esse pequeno monumento
pode passar despercebido.
Seguindo nosso roteiro paramos no
Largo do Sapo para registrar nossa passagem no oitavo pórtico da rota, já que o
pórtico de Santos em frente ao aquário sumiu.
Esse Largo não foi escolhido à
toa para receber um pórtico da rota. Ele faz parte da história. No século XVII
foi desenvolvido ali o primeiro posto alfandegário do País, representado pelo
“pedágio” que os padres jesuítas cobravam dos tropeiros que subiam as encostas
da Serra do Mar com suas cargas para São Paulo de Piratininga. No centro da
Praça existe um monumento que relembra os canoeiros que faziam o transporte de
mercadorias para o porto.
Continuando a caminhada passamos
em frente a Biblioteca Municipal de 1936 com sua fachada tombada pelo
patrimônio histórico. Um pouco mais a frente entramos no Parque Anilinas,
antiga Fábrica de Anilinas de Produtos Químicos. O local hoje é um belo parque
com animais silvestres, casas antigas que serviam de moradia para os
trabalhadores da Fábrica, uma pequena Capela dedicada a São Lázaro, um parque
com quadras poliesportivas, teleférico, Casa da Memória, cinema e uma
locomotiva antiga em exposição permanente.
Na mesma calçada ainda passamos
pela Estação Ferroviária de Cubatão, hoje abriga a Estação da Artes, mas até
poucos anos atrás (1995) ainda transportava passageiros. Uma verdadeira pena
constatar que nossa história férrea está abandonada. Estações como a de Cubatão
tem uma grande importância histórica para ficar em desuso. Lamentável!
Depois desse ponto seguimos para
Santos onde viajamos literalmente pela história.
Nossa primeira parada foi no MASS
– Museu da Arte Sacra de Santos, Igreja Nossa Senhora do Desterro e Mosteiro
São Bento. A construção da Igreja é datada de aproximadamente 1630, seu
interior é retratado pelo estilo Barroco, rica em ornamentos decorativos. O
Museu conta com acervo com mais de 600 peças sacras e religiosas. Todo complexo
é tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico).
Em nosso roteiro original não envolvia
uma visita ao Palácio Saturnino de Brito, mas já que estávamos por lá não nos
custou nada fazer uma parada rápida para conhecer suas dependências e história
de um dos mais importantes sanitarista do Brasil. No Palácio existe uma
exposição de fotos, documentos, plantas, materiais e móveis. Tudo voltado para
construção dos canais de Santos e todo o processo de saneamento da baixada.
A poucos metros na mesma calçada
chegamos à escadaria e ao Bonde que leva até o cume do Morro de Mont Serrat. Aqui
você pode escolher como deseja subir, encarando os 409 degraus, ou sobe de
bonde, diga-se de passagem, o único em atividade no Brasil que ainda usa o
sistema funicular. No nosso caso subimos de bonde mesmo. No final da subida
chegamos no antigo Cassino Mont Serrat, hoje abriga uma cafeteria com muito
espaço e geralmente é alugado para festas em geral.
No alto do morro está a Igreja de
Mont Serrat. São mais de 400 anos de história onde a Nossa Senhora de Mont
Serrat atendeu as preces do povo e frustrou os planos dos piratas holandeses
durante a invasão da cidade em 1614. Segundo relatos o povo se refugiou no alto
do morro e um desmoronamento soterrou os corsários. Esse evento foi
interpretado como um milagre atribuído à Nossa Senhora de Mont Serrat.
Ainda por lá tivemos uma aula de
como funciona o sistema funicular vendo as engrenagens rodando e todo sistema
sendo operado pelos funcionários da casa de máquinas.
Depois de muitas fotos e ter
contemplado a cidade de Santos lá do alto, seguimos para nosso nono pórtico da
rota no Outeiro de Santa Catarina que para variar o mesmo se encontrava fechado
dentro das dependências do Outeiro. Esse fato deixa o caminhante em uma
situação embaraçosa, já que o pórtico está mais ou menos 15 metros do alcance
dos caminhantes. Nossa solução foi pular o portão para registrar nossa passagem
e voltar para a nossa caminhada. Fica a dica para os futuros caminhantes e para
a coordenação do programa para reverem esses pequenos erros de instalação (que
são muitos) e mudarem a localização para mais perto do portão facilitando a vida
do caminhante e evitando desgastes desnecessários.
Bem ao lado do Outeiro está a
Casa do Trem Bélico, um antigo prédio de edificações militares de 1640 e
tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em
1940. Claro que paramos lá também. Rimos muito com a apresentação do Zé
Corneteiro e suas brincadeiras cheias de histórias. Tivemos uma verdadeira aula
divertida sobre o local, sua função e uso. Foi muito bom ter interagido com
nossos anfitriões.
No caminho ainda passamos em
frente à Igreja do Carmo que infelizmente estava fechada, e bem ao lado da
Igreja paramos no Pantheon do Andradas.
O Pantheon dos Andradas é o
jazigo das cinzas de José Bonifácio de Andrade e Silva, o Patriarca da
Independência e seus irmãos. Abriga valiosos quadros em bronze que descrevem
cenas da vida do Patriarca. O Monumento foi tombado pelo CONDEPASA (Conselho de
Defesa do Patrimônio Cultural de Santos) em 1993.
Durante nossa caminhada pelo
Centro Histórico ainda passamos pela Casa da Frontaria Azulejada, construída em
1865 para residência e armazém. Ela tem a fachada em estilo neoclássico toda
decorada com mais de sete mil azulejos em alto relevo.
Estávamos quase no final do dia
de caminha e um dos pontos mais importantes de Santos não poderia ficar de
fora da rota. Estou falando da Bolsa do Café. A Bolsa do Café foi criada em
1917, o prédio que passou a abriga-la foi inaugurado em 1922 em estilo eclético
inspirado no Renascimento Italiano. Construído com materiais importados, em seu
interior poder ser apreciadas obras importantes de Benedicto Calixto. Tombado
pelo CONDEPHAAT em 1981 e pelo CONDEPASA em 1990 e em 2006 pelo IPHAN. O prédio
abriga o Museu do Café com obras e exposição permanente sobre a história do
café no Brasil, além de uma cafeteria na entrada onde o turista pode degustar
bons cafés revivendo um pouco da história.
Para finalizar o roteiro cheio de
estilo, fizemos um passeio de bonde pelas ruas e avenidas do Centro Histórico
de Santos, revendo basicamente tudo por onde passamos durante o dia na
caminhada.
Sem dúvida foi um dia muito
especial, cultural e cheio de histórias.
Com certeza andamos bastante!
Não há forma melhor para fechar esse dia do que sentando em um dos botecos antigos no centro velho e rir das nossas histórias com essa turma sempre animada até o último instante.
Não há forma melhor para fechar esse dia do que sentando em um dos botecos antigos no centro velho e rir das nossas histórias com essa turma sempre animada até o último instante.
Valeu turma pelo dia.
Que venham novas e boas histórias
nos próximos trechos da rota!
Até a próxima caminhada.
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